O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, em 11 de março de 2025, mais 63 réus pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, elevando o total a 480 sentenciados. O julgamento, que impôs penas de até 17 anos e indenizações coletivas de R$ 30 milhões, é visto como um marco na defesa da democracia brasileira. Contudo, enquanto o governo Lula e seus aliados celebram a decisão como uma vitória contra tentativas de ruptura, críticas de opositores e analistas independentes apontam lacunas que o discurso oficial não consegue explicar. Esses questionamentos, embora nem sempre respaldados por provas sólidas, continuam a alimentar a polarização e merecem um contraponto.

Falhas de Segurança e Coordenação: O governo federal atribui a responsabilidade pelas invasões à Polícia Militar do DF e ao ex-governador Ibaneis Rocha, afastado por 90 dias após os eventos. No entanto, relatórios da Abin indicaram, dias antes, a chegada de ônibus e o risco de violência. Por que, então, as forças federais não foram mobilizadas preventivamente com mais vigor? A esquerda argumenta que o governo, recém-empossado, não teve tempo de agir, mas críticos questionam se houve subestimação deliberada ou falha de planejamento.
Sigilo das Imagens: A imposição de sigilo de até 100 anos sobre parte das gravações dos atos levanta suspeitas. O governo justifica a medida como proteção a investigações em curso, mas opositores perguntam: o que há para esconder? A ausência de transparência alimenta teorias de que as imagens poderiam expor omissões ou até conivências de autoridades, algo que o STF e o Planalto negam veementemente, mas sem abrir mão do sigilo.
Mobilização de Tropas: A Força Nacional e outras unidades federais estavam disponíveis, mas não foram empregadas em quantidade suficiente antes do 8 de janeiro. O governo alega que a escalada foi imprevisível, mas críticos sugerem que a decisão pode ter sido influenciada por uma avaliação política equivocada – ou, em hipóteses mais extremas, por um cálculo para capitalizar o caos. Essa narrativa, embora especulativa, não foi refutada com clareza.
Infiltrados e Narrativa do Golpe: Relatos de possíveis infiltrados ligados à esquerda entre os manifestantes circulam sem confirmação oficial. O governo descarta a possibilidade, mas não oferece uma investigação aprofundada para esclarecer. Paralelamente, a classificação dos atos como “tentativa de golpe” é contestada por quem aponta a falta de armas de fogo ou estrutura militar entre os invasores. Para a esquerda, a intenção já configura o crime; para os críticos, a narrativa parece exagerada sem evidências de viabilidade.
Aproveitamento Político: A intervenção federal no DF e os inquéritos liderados por Alexandre de Moraes foram implementados com rapidez impressionante após os ataques. Defensores do governo dizem que era necessário agir contra a desordem, mas opositores questionam se havia um plano prévio para usar o 8 de janeiro como justificativa para silenciar adversários políticos. A falta de detalhes sobre a tomada dessas decisões reforça as dúvidas.
Enquanto o STF avança na punição dos executores – com 480 condenados e penas severas –, a demora em julgar financiadores e organizadores mantém o foco nos “peixes pequenos”. O Judiciário e o governo afirmam que o rigor das sentenças protege a democracia, mas a persistência dessas questões sugere que a história do 8 de janeiro está longe de um desfecho consensual. A esquerda pode estar certa ao destacar a gravidade dos atos, mas sua incapacidade ou relutância em responder plenamente às críticas só prolonga o debate. Assim, as condenações, embora históricas, não apagam as sombras de desconfiança que ainda pairam sobre Brasília.