
O Estado do Acre enfrenta uma situação financeira delicada que o impede de acessar operações de crédito com garantias da União, um mecanismo essencial para estados e municípios que buscam recursos para investimentos em infraestrutura, saúde, educação e outros setores. Essa restrição, que tem impacto direto no desenvolvimento local, está ligada a uma série de fatores econômicos, legais e fiscais, conforme regulamentado pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e pelas normas do Tesouro Nacional. Neste artigo, exploraremos as razões por trás desse impedimento, os critérios que o Estado não cumpre, e as consequências para a população e a economia regional. Otimizado para SEO, este texto visa esclarecer o tema e alcançar bom posicionamento nos mecanismos de busca, como o Google.

Antes de entender por que o Acre está impedido, é importante definir o que são essas operações. Operações de crédito com garantias da União ocorrem quando o governo federal atua como avalista de empréstimos contratados por estados, Distrito Federal ou municípios junto a instituições financeiras nacionais ou internacionais. Essa garantia reduz o risco para os credores, permitindo que os entes federativos consigam melhores condições de financiamento, como juros mais baixos e prazos maiores.
No entanto, para que a União conceda essa garantia, o estado ou município precisa atender a uma série de requisitos estabelecidos pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), como demonstrar capacidade de pagamento (Capag) e estar em dia com suas obrigações financeiras junto ao governo federal. Esses critérios são fundamentais para evitar que a União assuma dívidas de entes inadimplentes, o que poderia comprometer as finanças públicas do país.
A situação fiscal do Acre
O principal motivo que impede o Acre de acessar operações de crédito com garantias da União é sua situação fiscal desfavorável. Segundo a classificação da Capacidade de Pagamento (Capag), calculada pelo Tesouro Nacional, o estado apresenta indicadores que o colocam em uma faixa de risco elevado. A Capag avalia três aspectos principais:
1. Endividamento: A relação entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente líquida (RCL).
2. Liquidez: A capacidade de honrar compromissos financeiros de curto prazo.
3. Poupança corrente: O equilíbrio entre receitas e despesas correntes.
Dados recentes do Tesouro Nacional mostram que o Acre tem enfrentado dificuldades para manter esses indicadores dentro dos limites exigidos. Em 2024, por exemplo, o estado registrou um comprometimento significativo de sua receita com despesas obrigatórias, como folha de pagamento e dívidas anteriores, o que reduz sua margem para novos endividamentos.
Além disso, o Acre tem histórico de inadimplência em algumas obrigações com a União. Quando um estado deixa de pagar parcelas de dívidas já garantidas pelo governo federal, o Tesouro Nacional assume o pagamento (honra de garantia) e bloqueia novos acessos a crédito até que a situação seja regularizada. Em outubro de 2024, por exemplo, o governo federal cobriu R$ 100 mil em dívidas do Acre, um sinal de que o estado não estava cumprindo integralmente seus compromissos.
A Lei de Responsabilidade Fiscal e suas exigências
A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000) é outro pilar que regula o acesso a operações de crédito. Ela estabelece limites rigorosos para o endividamento dos entes federativos e exige que eles demonstrem equilíbrio fiscal. No caso do Acre, o descumprimento de algumas dessas exigências, como o limite de 60% da receita corrente líquida para garantias concedidas pela União, pode ser um fator determinante para o bloqueio.
Além disso, a LRF determina que estados inadimplentes com a União ou que estejam em situação de calamidade financeira fiquem temporariamente impedidos de contratar novos empréstimos. Embora o Acre tenha enfrentado emergências recentes, como inundações em 2024 que levaram ao reconhecimento de situação de emergência em 17 municípios, isso não isenta o estado das regras fiscais. Pelo contrário, crises como essas podem agravar o quadro financeiro, reduzindo ainda mais a capacidade de pagamento.
Impactos das enchentes e da economia local
As enchentes que atingiram o Acre em 2024 trouxeram prejuízos significativos à infraestrutura e à economia local, aumentando a pressão sobre as finanças estaduais. Cidades como Rio Branco, Cruzeiro do Sul e Tarauacá sofreram com alagamentos, o que demandou gastos emergenciais com assistência humanitária e reconstrução. Esses custos, embora necessários, comprometeram ainda mais o orçamento, dificultando o cumprimento das metas fiscais exigidas pelo Tesouro Nacional.
A economia do Acre, baseada principalmente em atividades como agricultura, extrativismo e serviços públicos, também não tem apresentado crescimento suficiente para ampliar a receita corrente líquida. Com uma população de cerca de 900 mil habitantes e um PIB modesto, o estado enfrenta desafios estruturais para gerar superávits que permitam investimentos sem depender de crédito externo.
Histórico de inadimplência e contragarantias

Outro aspecto relevante é o histórico de inadimplência do Acre em operações anteriores. Quando a União honra garantias devido ao não pagamento pelo estado, ela aciona contragarantias, como o bloqueio de repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE). Esse mecanismo visa recuperar os valores pagos, mas também sinaliza problemas crônicos de gestão fiscal. No caso do Acre, o pagamento de dívidas antigas e a falta de regularização junto à União são barreiras que persistem.
Além disso, decisões judiciais podem complicar o cenário. Nos últimos anos, alguns estados conseguiram liminares no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a execução de contragarantias, mas não há indícios de que o Acre tenha obtido esse tipo de alívio em 2025. Sem uma solução judicial ou um plano de recuperação fiscal robusto, o estado permanece fora do radar de novos financiamentos.
Consequências para o desenvolvimento do Acre
A impossibilidade de acessar operações de crédito com garantias da União tem impactos diretos no desenvolvimento do Acre. Projetos de infraestrutura, como a melhoria de rodovias e a expansão de serviços de saúde e educação, ficam paralisados ou avançam lentamente por falta de recursos. Isso perpetua o isolamento de algumas regiões do estado, dificultando o escoamento da produção agrícola e o acesso da população a serviços básicos.
Para a população, a ausência de investimentos também significa menos geração de empregos e menor qualidade de vida. Em um estado com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil, segundo o IBGE, a restrição ao crédito agrava desigualdades históricas e limita as perspectivas de crescimento econômico.
Possíveis soluções para o impasse
Para reverter essa situação, o governo do Acre precisa adotar medidas concretas. Entre as possibilidades estão:
– Ajuste fiscal: Reduzir despesas correntes, como o gasto com pessoal, e aumentar a arrecadação própria.
– Regularização de dívidas: Negociar com a União um plano para quitar débitos em atraso e liberar o acesso a novos financiamentos.
– Plano de Recuperação Fiscal: Aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), como fizeram estados como Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que permitiria suspender pagamentos de dívidas e reequilibrar as finanças.
Essas ações, no entanto, exigem planejamento de longo prazo e vontade política, algo que nem sempre é simples em contextos de crise.
O impedimento do Acre de acessar operações de crédito com garantias da União reflete uma combinação de fragilidade fiscal, inadimplência passada e desafios econômicos estruturais. Enquanto o estado não regularizar sua situação junto ao Tesouro Nacional e demonstrar capacidade de pagamento, continuará enfrentando barreiras para captar recursos essenciais ao seu desenvolvimento. Para a população acreana, isso significa um futuro incerto, com menos investimentos e oportunidades. A solução passa por um esforço conjunto entre governo estadual e federal, mas, até lá, o Acre segue refém de suas limitações financeiras.
Palavras-chave: Acre, operações de crédito, garantias da União, Lei de Responsabilidade Fiscal, Tesouro Nacional, capacidade de pagamento, inadimplência, desenvolvimento econômico.