Novo coronavírus em morcegos no Brasil tem 71,9% de semelhança genética com MERS-CoV

Pesquisadores brasileiros, em parceria com a Universidade de Hong Kong, identificaram um novo coronavírus em morcegos no Brasil. A descoberta foi publicada no Journal of Medical Virology e aponta que o vírus encontrado apresenta 71,9% de similaridade genética com o MERS-CoV, responsável pela Síndrome Respiratória do Oriente Médio, identificada pela primeira vez em 2012. Esse achado ressalta a importância da vigilância contínua dos vírus em animais silvestres, especialmente aqueles que têm histórico de hospedar patógenos com potencial zoonótico. Embora ainda não haja evidências concretas de que esse novo coronavírus possa infectar humanos, especialistas alertam para a necessidade de estudos aprofundados para entender sua capacidade de transmissão e risco à saúde pública.

O estudo analisou amostras de morcegos coletadas em Fortaleza, no Ceará.

No total, sete tipos de coronavírus foram identificados nas amostras coletadas.

Morcegos como reservatórios naturais de coronavírus

Os morcegos são conhecidos como importantes reservatórios naturais de diversos vírus, incluindo coronavírus. A sua capacidade de abrigar patógenos sem desenvolver sintomas severos os torna um grupo de grande interesse para pesquisas virológicas. Estudos anteriores já demonstraram que esses mamíferos alados abrigam centenas de coronavírus diferentes, muitos dos quais ainda não foram caracterizados. Compreender esses vírus é essencial para a detecção precoce de potenciais ameaças à saúde humana.

A interação entre morcegos e outros animais pode facilitar a transmissão de vírus para novas espécies. Quando um vírus encontra um hospedeiro intermediário, como dromedários ou civetas, ele pode sofrer mutações e, eventualmente, alcançar humanos. Essa dinâmica já foi observada com o SARS-CoV, MERS-CoV e SARS-CoV-2.

A vigilância epidemiológica é fundamental para identificar esses vírus antes que eles se tornem ameaças concretas.

Principais características do novo coronavírus descoberto

  • Foi identificado em amostras de morcegos coletadas no Brasil.
  • Possui 71,9% de similaridade genética com o MERS-CoV.
  • Ainda não há confirmação de sua capacidade de infectar humanos.
  • Estudos adicionais serão realizados para compreender o potencial risco.

O que é a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS)?

A Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) é uma infecção viral causada pelo MERS-CoV, um coronavírus descoberto em 2012 na Arábia Saudita. O vírus provoca sintomas como febre, tosse e dificuldades respiratórias, podendo evoluir para pneumonia grave e falência de órgãos. Sua taxa de letalidade é alta, atingindo cerca de 35% dos casos registrados.

O principal reservatório do MERS-CoV são os dromedários, que podem transmitir o vírus aos humanos por meio do contato direto. Apesar da baixa transmissão entre pessoas, surtos da doença foram registrados em ambientes hospitalares, especialmente na Península Arábica e na Coreia do Sul.

Até o momento, não há vacina ou tratamento específico para a MERS.

Outros coronavírus que impactaram a saúde humana

  • SARS-CoV (2002): Responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), originada na China, resultando em mais de 800 mortes.
  • MERS-CoV (2012): Causador da MERS, identificado na Arábia Saudita, com mais de 800 óbitos confirmados.
  • SARS-CoV-2 (2019): Vírus responsável pela COVID-19, que gerou uma pandemia global e milhões de mortes.

Importância do monitoramento de morcegos para a saúde pública

O monitoramento constante das populações de morcegos é essencial para prevenir futuras pandemias. A identificação precoce de novos coronavírus pode permitir ações preventivas e a criação de estratégias de contenção antes que um vírus tenha a oportunidade de se adaptar a humanos. Esse tipo de vigilância inclui:

  • Coleta e análise de amostras biológicas de morcegos em diferentes regiões.
  • Sequenciamento genético de vírus encontrados para entender seu potencial zoonótico.
  • Estudos sobre interação entre morcegos e outras espécies para mapear possíveis cadeias de transmissão.

Descobertas científicas recentes sobre coronavírus em morcegos

  • 2013: Descoberta de coronavírus semelhantes ao SARS-CoV em morcegos na China.
  • 2017: Confirmação de que morcegos são o reservatório natural do SARS-CoV.
  • 2019: Identificação do SARS-CoV-2, com suspeita de origem em morcegos.
  • 2025: Novo coronavírus relacionado ao MERS-CoV encontrado no Brasil.

Curiosidades sobre coronavírus e morcegos

  • Resistência imunológica: Morcegos podem abrigar vírus altamente letais sem desenvolver doenças graves.
  • Diversidade viral: Acredita-se que existam milhares de coronavírus ainda não identificados nesses animais.
  • Importância ecológica: Além de seu papel na virologia, morcegos são essenciais para o equilíbrio ecológico, atuando na polinização e no controle de pragas.

Dados relevantes sobre a MERS e seu impacto global

  • Letalidade: Aproximadamente 35% dos infectados pelo MERS-CoV não sobrevivem.
  • Distribuição geográfica: A maioria dos casos ocorreu no Oriente Médio, mas surtos já foram registrados em outros continentes.
  • Casos confirmados: Mais de 2.500 infecções documentadas desde a descoberta do vírus.

Medidas de prevenção contra zoonoses virais

  • Monitoramento de populações de animais silvestres para detectar novos vírus.
  • Redução do contato direto entre humanos e animais potencialmente hospedeiros.
  • Investimento em pesquisas científicas para desenvolver vacinas e antivirais.

Impacto global dos coronavírus emergentes

Os coronavírus têm mostrado um grande potencial para provocar pandemias globais. As experiências com SARS, MERS e COVID-19 demonstram a necessidade de sistemas de vigilância epidemiológica mais eficientes, capazes de identificar novas ameaças antes que atinjam populações humanas. A descoberta desse novo coronavírus no Brasil reforça a importância de investir em pesquisa científica e estratégias preventivas para evitar futuras crises de saúde pública.