Universitário baleado por PM aposentado no Rio perde o rim, diz família
(FOLHAPRESS) – A família do estudante universitário Igor Melo de Carvalho, 32, que foi baleado por um policial militar da reserva no momento em que voltava para casa, na madrugada de segunda-feira (24), na zona norte do Rio de Janeiro, disse que ele perdeu um rim.
Igor está internado no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. O estado de saúde dele é grave, segundo a direção do hospital na noite desta quarta.
Nas redes sociais, a mulher de Igor, Marina Moura compartilhou que o marido passou por uma cirurgia e perdeu o rim. Em uma publicação na noite desta quarta (26), ela afirmou que ele começou a apresentar melhora.
Marina só conseguiu visitar Igor no hospital após a Justiça determinar a soltura dele nesta terça-feira (25). O estudante estava sob custódia na unidade de saúde, ou seja, sendo escoltado por policiais.
Igor foi atingido quando estava na garupa de uma moto de aplicativo a caminho de casa após o trabalho. O condutor da moto Thiago Marques de Carvalho também foi liberado da prisão.
Ambos foram acusados de roubo pelo policial aposentado Carlos Alberto de Jesus, 61, e sua companheira. A mulher afirmou ter sido assaltada pela dupla que estava na moto às 23h. Nesse horário, no entanto, Igor estaria trabalhando, segundo imagens de câmeras de segurança apresentadas pelos advogados do universitário.
A defesa de Igor também apresentou como prova o horário da solicitação da corrida via aplicativo, feita à 1h, além de testemunhos de empregadores.
A promotoria então concordou com o pedido de liberdade da defesa, e a juíza Rachel Assad da Cunha decidiu, na tarde desta terça, pelo relaxamento da prisão de Igor e Thiago.
O policial da reserva confessou ter atirado em Igor. A reportagem não conseguiu localizar a defesa de Carlos Alberto. O caso foi encaminhado à Corregedoria da Geral da Polícia Militar.
Após ser baleado, o estudante e o motociclista deixaram a moto e pularam do viaduto onde estavam com medo de serem alvejados. Eles pularam o portão de uma casa para se esconder e chamaram ajuda pelo celular de Igor.
Os dois foram levados para um hospital por amigos de Igor que rastrearam a sua localização. No hospital, ambos receberam voz de prisão porque o casal que os perseguiu registrou um boletim de ocorrência. Thiago foi levado à delegacia como suspeito de roubar um celular e Igor ficou sob custódia.
A família de Igor afirmou que ele havia sido confundido com um assaltante. Estudante de publicidade, o universitário também trabalha como inspetor de faculdade e tem o canal Informe Botafogo, em que é seguido por mais de 26 mil usuários. A esposa dele, Marina Moura, diz que seria um caso de racismo.
Nesta quarta, parentes e amigos fizeram um ato silencioso em frente ao Hospital Getúlio Vargas, onde Igor está internado. O motociclista Thiago Marques de Carvalho também participou do protesto. Os manifestantes pediam pela prisão do policial militar por tentativa de homicídio.
“O que ele fez foi tentativa de homicídio e também está envolvido aí um racismo estrutural escancarado. A bala acerta primeiro o corpo preto e Igor foi mais uma vítima disso”, afirmou Marina , mulher de Igor.
A investigação está em andamento na 22ª DP (Penha). Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança e outros elementos que esclareçam o caso.
A PM informou que colabora com o trabalho da Polícia Civil.
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