Turistas e religiosos sentem falta do papa Francisco durante missa em Roma
MICHELE OLIVEIRA
ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – Em um domingo de sol na praça São Pedro, a movimentação, além dos turistas habituais, é marcada pelo vaivém dos peregrinos que visitam a capital italiana para participar do Jubileu da Igreja, evento que ocorre a cada 25 anos. Neste fim de semana, mais de 3.000 pessoas participaram do Jubileu dos Diáconos.
Durante a missa matinal deste domingo (23) na Basílica São Pedro, que deveria ter sido celebrada pelo papa Francisco, o arcebispo Rino Fisichella pediu orações pelo pontífice argentino. “Na celebração eucarística, onde a comunhão assume a sua dimensão mais plena e significativa, sentimos o papa Francisco, mesmo num leito de hospital, próximo a nós e presente entre nós”, disse o italiano.
“Foi um clima de oração e de fazer Igreja. Não foi um problema a ausência do papa, já tinha visto ele. Estamos aqui para a comunhão entre os diáconos. Claro que é melhor quando ele está”, disse Michel Heurtault, diácono francês, à Folha. “Estamos preocupados, mas é um idoso. Rezamos por ele.”
Já para a brasileira Giulia Rolim, 23, foi uma surpresa visitar o Vaticano sem o papa. De férias pela Itália, ela tinha reservado o domingo para conhecer a basílica e tentar participar de uma missa com Francisco.
“Viemos também para tentar entender a dimensão do que é uma missa com ele. Mas tudo bem, só desejamos que ele melhore. Não vê-lo na missa é o menos importante agora”, afirmou ela, que se disse católica praticante em São Paulo. “O papa Francisco vai além da igreja. É uma entidade que extrapola todas as áreas e religiões. É uma aura positiva, uma pessoa extremamente boa e que se envolve em causas não só religiosas, mas também políticas.”
Ao mesmo tempo, pessoas se reúnem para fazer vigília do lado de fora do hospital Gemelli, em Roma, onde Francisco está internado. Uma estátua do papa João Paulo 2º (1920-2005) do lado de fora estava rodeada de artefatos deixados por fiéis.
Velas, flores, terços, fotos de Francisco e balões podiam ser vistos. Uma bandeira do Brasil também foi deixada ali.
Segundo boletim do Vaticano divulgado na manhã deste domingo (23), o papa passou uma noite tranquila depois do pior dia desde que foi internado, há pouco mais de uma semana.
No boletim da noite de sábado, foi revelado que as condições do papa tinham se agravado diante de uma crise respiratória asmática, que exigiu a aplicação de oxigênio suplementar. Ele também precisou de transfusões de sangue porque os testes mostraram que ele tinha uma baixa contagem de plaquetas, associada a uma anemia.
O texto descreveu que, pela primeira vez, o prognóstico era “reservado”, confirmando que a evolução do estado de saúde do pontífice é imprevisível, como já havia indicado a equipe médica que trata do papa, em entrevista coletiva na sexta-feira (21). Afirmaram ainda que o papa é considerado um paciente bastante frágil pela idade, pela falta de mobilidade e devido à existência de doenças respiratórias crônicas.
O papa foi internado no dia 14 com sintomas de bronquite e, nos exames, foram comprovadas uma infecção polimicrobiana e uma pneumonia bilateral.
O risco, afirmou o médico Sergio Alfieri, é que a infecção atinja a corrente sanguínea e leve a uma sepse, que é uma resposta inflamatória exacerbada do organismo a uma infecção.
Desde que entrou no hospital, a comunicação do Vaticano tem divulgado um boletim mais detalhado no fim do dia, no horário local, e uma nota breve pela manhã.
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