Os investidores estrangeiros estão um pouco mais otimistas com o Brasil do que os gestores locais.
Essa foi a conclusão de Renato Ejnisman, o vice-presidente de atacado do Santander Brasil, depois de dois dias de reuniões em Nova York durante a conferência anual do banco.
“Não quero parecer ingênuo porque o ambiente ainda é difícil, mas essa mudança de humor do estrangeiro é visível. Volto mais positivo do que fui,” Ejnisman disse ao Brazil Journal no fim da conferência, que reuniu 50 empresas da América Latina e cerca de 150 gestores globais.
Não houve um grande trigger para essa mudança de humor. Ele ouviu dos estrangeiros que o Brasil está barato demais para ser ignorado, que o risco cambial diminuiu, que houve um exagero na avaliação de problemas locais (como a questão fiscal) e que é cedo para colocar no preço a eleição de 2026.
Além disso, o Brasil melhorou na comparação com outros emergentes, como a Índia – que ficou cara – e o México, que pode sofrer mais com a política externa americana.
“É como a piada das duas pessoas que estão fugindo do urso. Para sobreviver, basta correr mais que o outro.”
A Bolsa brasileira voltou a receber investimentos estrangeiros este ano, depois da saída líquida de R$ 24 bilhões em 2024 (a maior retirada desde 2016, segundo a B3). De janeiro até meados de fevereiro, a B3 recebeu R$ 6,9 bilhões líquidos.
A venda das ações da Vale realizada pela Cosan ajudou no fluxo. Em 20 de janeiro, o dia da venda da maior parte dos papeis pela Cosan, os estrangeiros aportaram R$ 6,5 bilhões no mercado secundário, o maior valor diário desde 2012.
Por enquanto, segundo o executivo, o apetite dos estrangeiros por ativos brasileiros está restrito às blue chips, que têm liquidez na Bolsa e management estabelecido, além de estarem descontadas.
Ele aproveitou e testou a temperatura para ofertas de ações – e ouviu um “too soon”. O interesse estrangeiro nessas operações só acontecerá quando houver apetite também dos gestores locais — e para isso, o juro tem que parar de subir. “Não está no radar dos investidores nem das empresas por enquanto.”
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