Representantes de coordenações estaduais e municipais, profissionais de saúde, especialistas e representantes da sociedade civil se reuniram nesta segunda-feira (24), em São Paulo, para dialogar a respeito de ações para o controle da mpox no Brasil. A atividade ocorreu no primeiro dia do 1º Encontro Nacional para o Fortalecimento da Resposta à epidemia de mpox e aids avançada.
O evento é uma realização do Ministério da Saúde – por meio do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Dathi/SVSA/MS) – em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas Brasil). O sanitarista e consultor técnico do Dathi, Matheus Spinelli, apresentou atualizações do cenário epidemiológico da mpox no país. Os dados apontam que, desde 2022, foram registrados 13.770 casos da doença que afeta majoritariamente pessoas do sexo masculino (91,8%), sendo 76, 6% na faixa etária de 19 a 39 anos.
Durante a abertura, o diretor do Dathi/MS, Draurio Barreira, explicou que, em comparação a outros países economicamente similares, o Brasil registrou um número menor de óbitos. No entanto, ele ressaltou que dos 16 casos, 15 foram em pessoas vivendo com aids avançada, por isso a necessidade de conciliar as estratégias sobre resposta a ambas as doenças. “Estamos conseguindo cumprir as metas de expansão de prevenção e diagnóstico do HIV que estabelecemos no início da gestão. No ano passado, alcançamos a meta de diagnosticar 95% das pessoas vivendo com HIV e de ampliar a oferta de PrEP [profilaxia pré-exposição ao HIV]”, destacou.
A presidente da International Aids Society (IAS) e renomada pesquisadora brasileira, Beatriz Grinsztejn, elogiou o trabalho brasileiro na resposta ao HIV frente ao panorama internacional. “Temos que comemorar a soberania do governo brasileiro e a existência do SUS [Sistema Único de Saúde], que possui autonomia para a realização de tratamento de pessoas vivendo com HIV”. Grinsztejn ressaltou, ainda, a importância da recente incorporação do fostensavir para o cuidado de pessoas com multirresistência aos antirretrovirais já existentes no SUS.
Representando a sociedade civil, Sylvia Loyola explicou que, apesar dos avanços, o diagnóstico precoce permanece um desafio. “A aids avançada é um reflexo das desigualdades sociais existentes no Brasil”, afirmou. Ela também alertou para a necessidade de valorização da sociedade civil na elaboração de estratégias e para o alcance de populações mais vulnerabilizadas ao HIV e à mpox.
Sistema de monitoramento de pessoas vivendo com HIV ou aids
Também durante o evento foi realizada a oficina de multiplicadores estaduais do Simc, o Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV e Aids. O objetivo foi mostrar e incentivar gestores presentes sobre a ferramenta que permite identificar as pessoas que vivem com HIV, mas não iniciaram o tratamento, possibilitando a busca ativa aos serviços de saúde.
A realização do tratamento adequado é crucial para a qualidade de vida e para evitar que pessoas vivendo com infecção pelo HIV desenvolvam a aids. Essa também é uma importante estratégia para o controle da mpox, uma vez que pessoas com aids avançada estão mais vulnerabilizadas à doença.
Lorany Silva
Ministério da Saúde