Em 1999, a publicitária Lisa Taback foi gerente da campanha ao Oscar de “Shakespeare Apaixonado”, que tirou o Oscar de Melhor Atriz de Fernanda Montenegro. Quase 30 anos depois, Taback, que agora lidera a campanha de “Emília Pérez”, almeja o mesmo prêmio, desta vez disputado por Fernanda Torres.
Para entender o quão disputadas são e o quanto está envolvido nessas premiações, o Portal LeoDias conversou com o professor de cinema Márcio Rodrigo, que conta os bastidores da corrida do Oscar de 2025.
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Durante o Oscar de 1999, Lisa Taback esteve envolvida na campanha tanto de “Shakespeare Apaixonado” e “A Vida É Bela”, ambos filmes que venceram as mesmas categorias em que concorria “Central do Brasil”, estrelado por Montenegro e dirigido por Walter Salles, que também é diretor de “Ainda Estou Aqui”.
Com uma bagagem invejável no circuito de premiações e acusações de jogo sujo durante a campanha do Oscar de 1999, hoje Taback trabalha na Netflix como gerente de campanha em premiações. E é justamente ela que lidera a campanha de “Emília Perez”.
O professor de cinema da ESPM, Márcio Rodrigo, explica que os gerentes de campanha são peças antigas e valiosas no “tabuleiro do Oscar”, e esclareceu como funciona este “jogo” de influência e, acima de tudo, marketing.
”A gente às vezes esquece que, na verdade, o Oscar é um grande prêmio de marketing envolto nessa embalagem maravilhosa que é a arte cinematográfica. Então tudo é resultado de um grande planejamento estratégico desses profissionais, que usam a mídia e as relações públicas para conquistar os votos durante a premiação”, explica.
Mesmo com todo esse planejamento para arrecadação de votos dos membros da Academia – críticos, atores, cineastas… – Rodrigo diz que em uma corrida do Oscar tudo ainda é muito imprevisível, e cada segundo conta.
“Há um mês quando saíram as indicações, se dava como certo a vitória de Karla Sofia Gáscon [na categoria de Melhor Atriz]. E de repente há uma nuvem de polêmicas que em um segundo mudou todo o tabuleiro do jogo”, argumenta.
A genialidade da campanha de “Ainda Estou Aqui”
Márcio Rodrigo lembra ainda que também há profissionais por trás da campanha de “Ainda Estou Aqui” para o Oscar, e que aprenderam muito com os erros de “Central do Brasil” em 1999.
“A Fernanda Torres se tornou a embaixadora do filme e uma coisa extremamente vantajosa é que ela fala extremamente bem o inglês e se comunica muito bem com todos os jornalistas e toda a comunidade cinematográfica nos Estados Unidos”, disse.
Por esses motivos, Rodrigo acredita que das três indicações de “Ainda Estou Aqui”, o filme tem grandes chances de levar o prêmio de “Melhor Filme Estrangeiro”.
E embora ainda acredite que Demi Moore possa ter mais aceitação entre os votantes do Oscar, Rodrigo acredita que Fernanda Torres é sim uma das grandes favoritas para levar a estatueta no dia 2 de março.
“Não é por acaso toda essa peregrinação em programas importantes da televisão dos Estados Unidos, sessões de fotos e que grandes veículos, como o Washington Post, indiquem Fernanda como favorita da premiação”, concluiu.