Na América Latina, Telefónica só não aceita vender o Brasil, diz Jefferies

A Telefónica anunciou hoje a venda da sua operação na Argentina para a Telecom Argentina por US$ 1,245 bilhão — e não deve ficar por aí.

Se depender de Madri, todos os negócios da empresa na América Latina estão à venda, com exceção da operação brasileira, o Jefferies disse num relatório publicado hoje. 

Desde que anunciou um spinoff operacional dos seus negócios Latam em 2019, a gigante espanhola busca opções para os ativos da região. 

Na época, as operações latinoamericanas da Telefónica (ex-Brasil) haviam gerado € 9,9 bilhões de receita e € 2,6 bilhões de lucro operacional em 12 meses. De lá pra cá, os números caíram para € 8,8 bilhões e € 1,6 bilhão, respectivamente.

“As margens mais baixas desses negócios refletem em grande parte a redução do capital empregado por meio de desinvestimentos,” disseram os analistas do banco americano.

Agora, a empresa pode aprofundar o processo.

Depois de desinvestimentos na América Central e na Colômbia, os próximos negócios podem ocorrer em países como o México — o que deve provocar consolidação do setor, apostam os analistas do Jefferies.

A América Móvil, controladora da Claro, deve ser a grande beneficiária de possíveis vendas da Telefónica  no continente, seja diretamente ou por conta de mudanças na estrutura dos mercados.

Um exemplo claro é o mercado do Chile, onde a Telefónica é vice-líder em telefonia móvel e a América Móvil ocupa o quarto lugar. “A América Móvil planeja um investimento de cerca de US$ 300 milhões em 2025, pois visa reverter seu desempenho negativo no país,” disseram os analistas. 

“Embora atualmente não haja um caminho claro para a consolidação do mercado, vemos o movimento como possível e acreditamos que a Telefónica pode estar envolvida por meio de uma venda ou fusão.”

No México, desinvestimentos recentes levaram à diminuição da participação de mercado da Telefónica e a margens mais baixas. 

“Diante dessa queda de participação e do uso da rede da AT&T no país, um cenário possível seria a venda do negócio para a própria empresa americana. Outra opção é a Walmex, que obteve forte crescimento no mercado recentemente,” disseram os analistas.

O processo mais avançado, segundo indicam, está na Colômbia. Depois de criar uma JV de infraestrutura 5G com a Millicom, as companhias devem caminhar para um processo de combinação total das operações.

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