Em SP, araras recebem aulas de voo livre para aprender a sobreviver na natureza
“Lembro do meu avô contando sobre as araras nessa região. Então, é impossível não sorrir vendo-as de volta. Sabemos onde elas dormem e se alimentam, então toda vez que queremos achá-las, sabemos onde estão”, diz o biólogo Humberto Mendes, professor da Universidade Federal de Alfenas (MG). Ao lado de Donald Brightsmith, professor da Universidade Texas A&M (EUA) e um dos maiores especialistas em psitacídeos do mundo, e Chris Biro, considerado referência internacional em treinamento de voo livre para aves de estimação, o brasileiro conduziu um projeto de reintrodução de araras-canindé (Ara ararauna) em São Simão, no noroeste paulista, uma área onde a espécie de plumagem azul e amarela costumava existir no passado, mas foi extinta localmente há mais de 50 anos. O que há de tão pioneiro nessa soltura é a técnica utilizada: voo livre com psitacídeos, nunca antes empregada em programas de conservação. E, mais do que isso, o excelente resultado obtido: uma taxa de 100% de sucesso. “Esse resultado é absolutamente maravilhoso! E não estou exagerando. Falo isso apesar de ser um velho cientista mal-humorado”, brinca Brightsmith ao celebrar o êxito do projeto. Pouco mais de dois anos após a soltura inicial das seis araras-canindés, em 2022, todas continuam vivas e mostrando ótima adaptação. E nesse período ainda passaram por uma prova de fogo, literalmente. Sobreviveram a um incêndio que atingiu a região no segundo semestre de 2024, quando grande parte do Brasil sofreu com queimadas. O biólogo Humberto Mendes durante o treinamento de uma arara-canindé. Foto: Lucas…This article was originally published on Mongabay