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Dólar aprofunda queda e fecha abaixo de R$ 5,70 pela primeira vez em 3 meses

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar despencou 1,21% nesta sexta-feira (14) e encerrou a semana cotado a R$ 5,696, o menor valor de fechamento em três meses.

 

A moeda passou o dia em queda firme, com alívio dos investidores após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não ter imposto tarifas recíprocas imediatas aos parceiros comerciais dos norte-americanos.

As perdas aceleraram após às 16h, quando a Folha de S.Paulo informou que a aprovação do governo Lula (PT) desabou para 24%, segundo dados do Datafolha. A Bolsa, que também estava em forte alta, passou a disparar acima de 2% depois da publicação da pesquisa, ainda que outros fatores também tenham pesado na sessão. Às 17h, subia 2,63%, aos 128.134 pontos.

“O presidente Lula não tem tanta força como o mercado esperava que ele tivesse, o que ajuda os preços dos ativos a caírem. Isso é algo que boa parte dos investidores já tem colocado na conta e explica um pouco desse movimento baixista do dólar este ano contra o real”, diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

A começar pela ponta internacional, Trump detalhou, na véspera, o roteiro para a reciprocidade tarifária que havia prometido enquanto ainda era candidato na corrida presidencial. O memorando mira países que praticam impostos sobre produtos norte-americanos, bem como as chamadas barreiras não tarifárias.

As tarifas serão impostas “país por país” após estudos, começando pelos países com os quais os EUA têm o maior déficit comercial. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que as análises devem estar prontas até o dia 1º de abril.

Os mercados globais viram com bons olhos o prazo apresentado pelo republicano. A interpretação é de que o anúncio foi uma orientação para que as alas comerciais do governo estudem as barreiras comerciais impostas sobre os produtos norte-americanos, e não uma guinada agressiva em direção ao protecionismo econômico.

Caso a implementação fosse imediata, como temiam os investidores, os riscos de uma guerra comercial ampla poderiam ter sido acirrados.

“Trump tem adotado uma postura mais flexível e menos agressiva do que se esperava na questão das tarifas, visto que a retórica durante a campanha eleitoral foi bastante firme. Esperava-se que ele fosse impor tarifas muito elevadas imediatamente”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

A leitura, agora, é de que há espaço para negociações e acordos de países na mira de Trump, o que dá margem para que a política tarifária seja mais branda do que o esperado. Isso tem enfraquecido o dólar globalmente.

“O ‘Trump Trade’ [operações Trump, em português] do ano passado, quando o dólar se fortaleceu muito porque os investidores estavam antecipando os efeitos esperados das medidas do novo governo, está sendo revertido.”

A reciprocidade tarifária segue a esteira de outras medidas já adotadas pelo republicano desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro. Ele confirmou que irá impor, a partir de 4 de março, tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio que chegam ao país. Na semana passada, aplicou tarifas de 10% a produtos da China e de 25% sobre México e Canadá -esta última suspensa até o início do próximo mês, após acordo com os dois vizinhos.

O “tarifaço”, além de estimular uma guerra comercial ampla, tem o potencial de encarecer o custo de vida dos norte-americanos, o que pode comprometer a briga do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) contra a inflação e forçar a manutenção da taxa de juros em patamares elevados.

Quanto maiores os juros por lá, mais atrativos ficam os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, os chamados treasuries, o que fortalece o dólar globalmente. Com a percepção de que a política tarifária será mais branda, parte das apostas nos treasuries foram desmontadas, enfraquecendo a moeda norte-americana.

Além disso, dados do varejo dos Estados Unidos surpreenderam o mercado. O Departamento do Comércio informou que as vendas no setor caíram 0,9% em janeiro, depois de terem subido 0,7% em dezembro. A expectativa de economistas consultados pela Reuters era de um recuo de 0,1%.

“Isso não acontecia desde março de 2023. O dado empurrou as treasuries para baixo, o que ajudou na apreciação das moedas emergentes”, afirma Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Lais Costa, analista da Empiricus Research, ainda acrescenta que o “descolamento das expectativas, não explicado por uma questão sazonal, pareceu ser um sinal sobre a economia dos EUA, e não um ruído.” Em reação, investidores elevaram as apostas de mais cortes nos juros dos EUA.

A reação também apareceu nas curvas de juros brasileiras. No fim da tarde, a taxa para janeiro de 2026 -uma das mais líquidas no curto prazo- estava em 14,785%, ante o ajuste de 14,832% da sessão anterior. A de janeiro de 2027 marcava 14,78%, ante o ajuste de 14,946%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,53%, em forte queda ante 14,839% do ajuste anterior. O de janeiro de 2033 tinha taxa de 14,49%, ante 14,8%.

As perdas no Brasil foram acentuadas com a publicação do último Datafolha sobre a popularidade do governo Lula.

A aprovação do presidente desabou em dois meses de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.

Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema. Neste levantamento, foram ouvidos 2.007 eleitores em 113 cidades, na segunda (10) e na terça-feira (11), com margem de erro geral de dois pontos para mais ou menos.

O tombo demonstra o impacto de crises sucessivas pelas quais passa o governo, sendo a mais vistosa delas a do Pix. Ela ocorreu em janeiro, com a divulgação de que o governo iria começar a fiscalizar transações superiores a R$ 5.000 pela modalidade instantânea de transferência bancária.

Com a pesquisa, parte do mercado passou a enxergar a possibilidade de uma renovação política nas próximas eleições, em 2026. Até agora, não há indicação de sucessor direto de Lula à Presidência, nem confirmação do petista de que ele irá disputar a reeleição.

“O dado chama muita atenção porque ele nunca teve uma avaliação tão ruim. A reprovação do governo foi recorde. Então isso trouxe um otimismo maior com essa possibilidade maior de, eventualmente, ele não ser reeleito nas próximas eleições”, diz Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

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