Um levantamento, divulgado nesta quinta-feira, 6, pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180) mostra que mais mulheres foram encorajadas a denunciar a violência de gênero sofrida, muitas vezes dentro da própria casa. O aumento das denúncias foi de 45,4%, saindo de 264 em 2023 para 384 no ano passado. Deste total, 294 foram recebidas por telefone e outras 80 pelo WhatsApp.
Apesar de se tratar de um número de violência, a Secretaria Estadual da Mulher (Semulher) vê os dados como um reflexo das campanhas de conscientização, capacitação e expansão das redes de atendimentos que amparam essas mulheres vítimas.
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Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, o aumento significativo no número de atendimentos realizados pela central reflete a maior confiança da população brasileira, em especial das mulheres, no Ligue 180, que vem recebendo uma série de melhorias desde 2023, com a reestruturação prevista na retomada do Programa Mulher Viver sem Violência.
“Temos investido na capacitação das profissionais que realizam o atendimento e o acolhimento das mulheres, tanto para a informação sobre direitos e serviços da rede, como para o correto tratamento e encaminhamento das denúncias aos órgãos competentes, aumentando a confiança no canal. Além disso, temos intensificado as campanhas para ampliar a divulgação do Ligue 180, inclusive o atendimento no WhatsApp”, explica a ministra.
A titular da Semulher, Márdhia El-Shawwa, reforça que as ações são desenvolvidas em diferentes frentes de atuação e garantem o direito à informação. No perfil oficial da Semulher, conteúdos com linguagem simples e didática são também o diferencial.
“Sem dúvidas, toda a divulgação que a Secretaria da Mulher vem fazendo, com o trabalho principalmente educativo, de fazer abordagens, dos materiais informativos com os canais de denúncia e da ampla divulgação nas redes sociais, faz toda a diferença. Muitas mulheres não denunciam por não saber dos seus direitos ou que existe um canal como o 180. Mas iremos repetir o quanto for preciso e continuar, para que essa informação chegue e mais pessoas conheçam. Isso impacta lá no nosso objetivo final: evitar o feminicídio e preservar o bem viver das nossas mulheres”, reforça.
Impacto social
Criada em 2023, a Semulher criou um espaço físico em Rio Branco, que é uma verdadeira casa de acolhimento. Além disso, desenvolve importantes ações que leva o poder público com informação, atendimento e amparo às mulheres que sofrem algum tipo de violência. Um marco nesta gestão também é a unidade móvel, o Ônibus Lilás, que percorre as cidades do interior do estado.
Nos últimos anos, o governo do Acre tem concentrado ações e medidas para reduzir os casos de violência contra a mulher. Algumas foram: o fortalecimento das delegacias especializadas nas duas regionais, Cruzeiro do Sul e Rio Branco; incentivo à rede de apoio às mulheres vítimas; e a expansão da Patrulha Maria da Penha. O contexto da violência contra a mulher também é debatido no intuito de elaborar políticas públicas de prevenção e suporte.
Corrente de atuação
Os casos de violência contra a mulher demandam a atenção de diversos segmentos da sociedade. Um caso recente mostra que após a atuação da Secretaria de Estado da Mulher em conjunto com a Segurança Pública em um caso de violência doméstica no município de Plácido de Castro, o denunciado como autor da violência doméstica foi preso e afastado do lar da vítima no último dia 30.
Após o registro da denúncia pelo 180, o Departamento de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Semulher estabeleceu o primeiro contato com a vítima e fez o atendimento psicológico e jurídico de maneira virtual. Diante da situação averiguada, foi feita a articulação com a Delegacia de Plácido de Castro.
A vítima, uma mulher idosa, tinha um relacionamento de longa data com o denunciado e resolveu romper com ele, que não aceitava o fim do relacionamento e o afastamento do lar. Conforme relatado, as agressões sofridas eram físicas e psicológicas e ocorriam diariamente.
O delegado da cidade, Leandro Lucas, destaca a importância dessas parcerias. “É muito importante essa atuação da Secretaria da Mulher, pois ela faz um filtro do caso, o que facilita a atuação da autoridade policial. Estamos sempre à disposição, principalmente em casos de violência doméstica, a fim de garantir a segurança das vítimas”, disse o delegado.
Para a secretária Márdhia El-Shawwa, essas ações são indispensáveis para, efetivamente, resguardar as mulheres. “A Semulher, desde a sua criação, vem atuando em conjunto com a Rede de Atendimento à Mulher, com os hospitais, delegacias e demais instituições, tudo para agir, de forma rápida, para ajudar mulheres que precisam. Nossa meta é zerar o crime de feminicídio no Acre e isso também significa atuar prontamente em situações como essa”, destacou.
1ª cidade do Norte a ganhar Centro de Referência da Mulher Brasileira
Em mais um passo importante para a proteção de mulheres no Acre, a vice-governadora Mailza Assis, ao lado da ministra das Mulheres, entregou o Centro de Referência da Mulher Brasileira em Cruzeiro do Sul, no dia 22 de janeiro. É a primeira unidade no estado e também na Região Norte. Com investimento superior a R$ 2,2 milhões, a estrutura é uma das principais ferramentas do governo federal para proteger mulheres vítimas de violência no Brasil.
A estrutura física acolhedora e segura tem o objetivo de receber as mulheres e meninas vítimas de violência. Além disso, a inauguração do prédio representa um avanço e conquista para implementação de políticas públicas voltadas para mulheres. Também foi entregue um veículo proveniente de emenda parlamentar de Mailza Assis quando senadora.
O combate ao feminicídio tem sido uma das principais bandeiras na gestão de Gladson Cameli. A união entre Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público e Tribunal de Justiça, além da sociedade civil organizada, tem gerado impactos positivos, como a redução de 43% dos casos de feminicídio entre 2018 e 2024.
“Buscamos o feminicídio zero, e esse é o instrumento mais forte que temos no momento, na repressão, na proteção da mulher e também na valorização, na busca de conseguir trazer para a mulher a profissionalização, a garantia dos direitos, para que ela consiga ter independência, ter os seus direitos garantidos e sair do ciclo de violência, voltando-se para a sociedade muito mais empoderada e digna de uma vida sem violência no lar. Essa é a busca que nós pretendemos”, enfatizou a vice-governadora.
Canais para denunciar:
- Central de Atendimento à Mulher – 180
- Polícia Militar -190
- Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): recebe denúncias de violações de direitos da mulher no Acre. Telefone: (68) 99930-0420. Endereço: Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel;
- Centro Especializado de Atendimento à Mulher do Juruá – (68) 99947 9670
- Centro Especializado de Atendimento à Mulher do Alto Acre – (68) 99930 0383
- Centro Especializado de Atendimento à Mulher do Purus – (68) 99913 6110
- Delegacias especializadas no atendimento de crianças ou de mulheres ou qualquer unidade da Polícia Civil
- Centro de Atendimento à Vítima – (68) 99993 4701.
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