A volta à roça: jovens resgatam comunidade e inspiram sustentabilidade no ES

No alto da porta da igrejinha, lê-se em letras garrafais: “Conscientização”. Não é uma palavra que se costuma ver na entrada de muitas igrejas católicas. “Se a gente não tiver consciência crítica das coisas, a comunidade não melhora. Primeiro, a consciência. O bem não muda as pessoas, o que muda é a consciência.” Quem fala não é o padre, e sim Fabio de Souza Silva, o Fabinho, produtor familiar agroecológico e uma das lideranças de Feliz Lembrança, parte do município de Alegre, no coração da região do Caparaó, no sul do Espírito Santo. A palavra está lá para relembrar que não basta ter fé, é preciso agir. Prova disso é a própria trajetória da comunidade. “Hoje temos prazer e orgulho de dizer que somos da roça”, diz Fabinho, enquanto pousa a mão no peito e escancara um sorriso. Nem sempre foi assim. Há 25 anos, o cenário era de escassez. Pobreza mesmo. Não à toa, havia uma noção de que roça era sinônimo de vergonha. “A gente via a juventude desanimada, com a autoestima lá embaixo. Na escola não diziam que eram da roça. Mas aí eu me perguntava: rapaz, será que a roça é tão ruim assim? Temos que mudar essa história.” Estamos no quintal de Fabinho, um lugar espaçoso, rodeado de flores e Mata Atlântica, onde sua filha de pouco mais de um ano de idade corre e brinca, incansável. O café — principal atividade econômica da comunidade, como em todo o Espírito Santo — acaba de ser…This article was originally published on Mongabay