O ano era 2018 e o então estudante Marcos Paulo de Carvalho, na época com 27 anos, recebeu a notícia da nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 e, com isso, conseguiu realizar o sonho de cursar medicina na Universidade Federal do Acre (Ufac). Sete edições do Enem se passaram e mais nenhuma nota mil foi registrada no estado.
Agora com 34 anos, ele já é médico, formado desde fevereiro de 2024. Ao g1, Marcos contou que precisou sair da Polícia Militar do Acre (PM-AC) quando viu que o trabalho começou a entrar em conflito com a nova profissão.
“Pedi baixa da PM pois não me aceitaram como médico noturno, já que faço residência [especialização] durante o dia”, explicou.
Sobre a trajetória dele nos últimos anos, ele relata que não foi fácil, já que foi retirado da banda de música da PM, e a família, que antes era composta apenas por ele e a mulher, recebeu um novo integrante, o filho João Gabriel. “No início do internato veio o filho, então os dois últimos anos foram mais complicadinhos”, complementou.
Marcos contou que sua principal estratégia para conseguir uma boa nota foi observar outros trabalhos que tiveram sucesso. “Meu preparo foi meio que fora da curva. Fiz pouquíssimas redações ao longo do ano, porém lia muitas que tiraram a nota máxima em anos anteriores”, afirmou.
Agora profissional da saúde, ele narra a felicidade de conseguir ter se formado na profissão que sonhou e estudou muito para conseguir.
“Na hora que eu estava na formatura, foi incrível. Olhei e pensei: ‘passei! ‘A redação me ajudou porque era, e acredito que ainda seja, a maior possibilidade da nota máxima, o mil”, declarou.
Último a tirar nota mil no Acre, Marcos Carvalho formou em medicina em 2024 — Foto: Arquivo pessoal
Para os estudantes que se preparam para tirar boa nota na redação, Marcos aconselha, principalmente, estudar com calma. “Tentar absorver e dominar cada conteúdo estudado. Respeitar o seu tempo. Refazer questões antigas para ‘pegar o jeito’ da banca. Estudar todas as áreas, porém focar naquelas que darão altas pontuações, como redação”, sugeriu.
Agora, ele torce para que haja um próximo nota mil no Acre e que esse jejum de sete edições sem nota máxima seja quebrado no Enem 2025.
“Estou no aguardo para passar o cinturão ao próximo nota mil acreano”, encorajou.
Aprovação
Marcos diz que sempre estudou em escola pública. Segundo ele, quando concluiu o ensino médio, fazia questão de participar do Enem para continuar testando os conhecimentos.
“Em 2016, consegui uma média relativamente boa e deu para passar em direito, mas sempre quis fazer medicina. Pensei que, como consegui passar sem me dedicar, se eu estudasse, talvez conseguisse a medicina. Resolvi estudar em 2017. Foi bem puxado porque trabalhava e não tive como ter uma rotina fixa de estudos, mas o tempo que eu tinha era para estudar e deu certo”, comemora.
O médico explicou que a Ufac era sua primeira opção no Sisu e a Ufam a segunda. Como passou nas duas, o sistema automaticamente seleciona a primeira. Ele afirmou que teve dificuldades com o tema da redação e que não foi a matéria que mais se dedicou ao longo do ano nos estudos.
“Atribuo essa conquista a uma questão de esforço mesmo. Tinha dia que eu começava a estudar às 16h e terminava 1h, mas teve dia que eu vi o sol nascer. Valeu muito a pena. Meu foco foi ciências da natureza, nem fiz muitas redações no ano, tive dificuldade com tema, perdi até bastante tempo na redação, foi uma surpresa a nota”, disse.