O que você vê quando olha para um policial? Um defensor da lei, um protetor da comunidade, um carrasco, um opressor, ou apenas mais uma pessoa tentando fazer seu trabalho? A figura do policial, muitas vezes vista como distante e imponente, às vezes hostil, esconde uma complexidade que vai muito além da farda.
Em um mundo cada vez mais dividido, esse profissional se torna um mediador, alguém que precisa equilibrar a força da lei com a sensibilidade de quem vive e sente as mesmas dores que a comunidade. Tal trabalho exige mais do que técnica, demanda empatia, diálogo e a habilidade de construir pontes em um cenário frequentemente marcado por tensões e conflitos.
No exercício de sua função, o policial é geralmente o primeiro a ser chamado em situações de crise. Sua atuação está fundamentada na escuta ativa e na busca por soluções que respeitem as particularidades de cada situação. A formação é essencial para que os policiais, como enfatiza a socióloga brasileira Maria Cecília Kerbauy, estejam aptos a criar conexões significativas e promover uma cultura de prevenção.
No entanto, não se pode ignorar que o peso das críticas sociais afeta diretamente o dia a dia de quem veste a farda. Os erros são amplificados nas redes sociais, e a pressão é enorme. Essa desproporção afeta o moral e a motivação dos policiais, pois cada crítica atinge não apenas a instituição, mas também o indivíduo. É fundamental reconhecer que, por trás da farda, existe um ser humano com família, que também tem medos e sonhos.
Compreender que a segurança pública é uma construção coletiva, que começa nas comunidades, é o ponto. A participação cidadã é a chave para criar um ambiente mais seguro. É preciso ampliar a consciência de que o papel do cidadão é tão relevante quanto o do policial na construção de soluções duradouras.
É evidente que a polícia do futuro precisa ser ainda mais próxima, transparente e humana. A tecnologia pode ser uma grande aliada, mas a inteligência emocional e a capacidade de comunicação continuam sendo fundamentais. O policial bem preparado, que entende as necessidades da comunidade e que é capaz de construir relacionamentos de confiança, é a peça-chave no modelo de policiamento comunitário, que tem alcançado resultados tão positivos na Polícia Militar do Acre.
Da próxima vez que você cruzar com esse policial, lembre-se: ele é mais do que um profissional, é um reflexo da nossa sociedade. O desafio é olhar para ele não apenas como uma autoridade e enxergá-lo como alguém que faz parte da mesma comunidade e que sente as mesmas dores que você. Desenvolver essa empatia é fundamental para construir uma sociedade melhor.
Joabes Guedes é jornalista e sargento da Polícia Militar. Trabalha na Assessoria de Comunicação da PMAC
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