O Janeiro Roxo, mês dedicado à luta contra a hanseniase, reforça a importância de conscientizar a sociedade sobre a prevenção e o combate à doença, ainda cercada por estigmas e preconceitos. A campanha ganha destaque ao longo de todo o mês, culminando no Dia Mundial Contra a Hanseníase, celebrado em 26 de janeiro, com o objetivo de dar visibilidade à causa e combater a desinformação que perpetua discriminações.
A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa crônica causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, o trato respiratório superior e os olhos.
Os sintomas incluem manchas claras ou avermelhadas na pele, com perda de sensibilidade, formigamento ou dormência nas extremidades, fraqueza muscular e espessamento dos nervos. Apesar de contagiosa, a doença tem controle e tratamento efetivo, oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Hanseníase no Acre
No Acre, avanços importantes foram registrados no enfrentamento à hanseniase, devido à descentralização do diagnóstico e da assistência para a Atenção Primária, segundo a responsável pelo Programa de Hanseníase no Estado, Suilany Souza.
“Antes, tudo era 100% centralizado no serviço da Fundhacre, o que dificultava o acesso à assistência para a maioria dos municípios, devido à dificuldade logística. Atualmente, muitos pacientes estão sendo diagnosticados e tratados na Atenção Primária. Casos mais complexos, quando não é possível tratar no município de residência, são encaminhados para o serviço dermatológico”, explica.
Em 2024, o Estado capacitou 214 profissionais de saúde, incluindo médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, fisioterapeutas e gestores, entre outros, nas três regionais de saúde.
O treinamento foi baseado nas Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase do Ministério da Saúde (PCDT/MS), fortalecendo o cuidado integral aos pacientes. Atualmente, 13 municípios realizam atendimento médico para hanseníase e 12 oferecem o exame de baciloscopia, que identifica a Mycobacterium leprae.
No ano passado, o Acre registrou 161 novos casos de hanseníase, representando um aumento de 7,47% em relação a 2023. A ampliação do rastreio e do diagnóstico precoce é um reflexo dos esforços conjuntos entre o estado e os municípios para enfrentar a doença.
Contágio e tratamento
A hanseníase é uma doença infecciosa transmitida por meio de gotículas de saliva e secreções nasais de pessoas que não estão em tratamento. A transmissão ocorre por contato próximo e prolongado com o doente. Transmitem a hanseníase pessoas com a forma multibacilar da doença que não estão em tratamento. A cada dez pessoas que entram em contato com o bacilo, apenas uma desenvolve a doença.
O tratamento no Brasil segue o protocolo do Ministério da Saúde (MS), com medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo SUS. A poliquimioterapia, combinando diferentes antibióticos, é eficaz e evita a transmissão da doença. No Acre, a medicação é distribuída para os 22 municípios, garantindo acesso universal ao tratamento.
É essencial que os pacientes iniciem o tratamento assim que diagnosticados e o concluam integralmente, para evitar complicações graves, como danos permanentes aos nervos, órgãos e membros.
Segundo Suilany Souza, o abandono do tratamento está frequentemente relacionado à desinformação e aos mitos sobre a doença, que geram preconceito e afastam os pacientes do serviço de saúde. “Nosso trabalho tem sido de desconstruir esses mitos e assegurar que as pessoas afetadas pela hanseníase tenham seus direitos à saúde garantidos, com assistência e cuidados de qualidade”, afirma.
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