O dólar fechou abaixo de R$ 6 pelo segundo dia seguido nesta quinta-feira (23), em reação positiva dos mercados após falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Davos, na Suíça.
Em sua fala, transmitida da Casa Branca, o republicano afirmou que vai pedir pela queda do petróleo e que irá pressionar pelo recuo dos juros pelo Federal Reserve (Fed).
O tom da fala do presidente fortaleceu a queda da divisa norte-americana, que fechou a sessão com queda de 0,35%, negociada a R$ 5,925. Na mínima, a cotação foi a R$ 5,873, enquanto a máxima tocou R$ 5,925.
Este é o menor patamar da divisa dos EUA desde 26 de novembro do ano passado, quando fechou a R$ 5,81.
Apesar do clima positivo nos mercados, o Ibovespa fechou no campo negativo, caindo 0,40% aos 122.483,32 pontos.
O desempenho negativo é reforçado pela pressão das blue chips, com Vale (VALE3) perdendo 0,7%, enquanto Petrobras (PETR4) recua 1%.
Em dia de agenda esvaziada, o mercado digere fala de Trump em Davos.
Trump abriu seu pronunciamento afirmando que “essa foi uma semana histórica nos Estados Unidos. Três dias atrás fiz o juramento, e começamos a ‘Era Dourada da América’. […] Sob nossa liderança, a América está de volta e aberta para negócios”.
Trump afirmou que, contando com a maioria em ambas as casas legislativas dos EUA, sua administração vai promover o maior corte de impostos da história do país.
“Incluindo massivos cortes de impostos para trabalhadores e suas famílias, além de grandes cortes para produtores nacionais”, disse o republicano ao Fórum Econômico Mundial.
Sem especificar números, o presidente voltou a falar sobre a taxação de produtos importados.
“Minha mensagem para todos os negócios do mundo é bem simples: venha produzir na América e vamos dar as menores taxas de qualquer nação da Terra. Mas se a decisão de vocês for de não produzir na América, simplesmente terão de pagar uma tarifa que deve direcionar até trilhões de dólares para o nosso Tesouro, fortalecer nossa economia e reduzir nosso déficit.”
Durante a campanha, Trump prometeu taxas de até 60% de produtos da China a partir de seu primeiro dia de mandato. Na terça-feira (21), o republicano revelou que pretende aplicar tarifas significativamente menores (10%) a partir de fevereiro.
Além disso, ele citou barreiras para produtos da União Europeia, Canadá e México.
O presidente argumenta que se os EUA aproveitarem ao máximo o petróleo que possuem, o país deve conseguir reduzir preços e se fortalecer como um polo industrial, podendo impulsionar-se na direção da inteligência artificial (IA) e dos criptoativos.
Trump ainda afirmou que irá conversar com a Arábia Saudita e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para derrubar os preços da commodity. O republicano disse ter ficado surpreso que os maiores produtores de petróleo do mundo não o tenham feito antes da eleição dos EUA.
O presidente dos EUA acredita que se os preços tivessem sido derrubados, “a guerra entre a Rússia e a Ucrânia teria acabado imediatamente”.
Além disso, avalia que no caso de o petróleo ficar mais barato, o movimento daria espaço para as taxas de juros caírem nos EUA e, consequentemente, no mundo.
No cenário doméstico, as atenções seguem na agenda fiscal do governo federal. Na véspera, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou à CNN que projetos cuja votação ficaram pendentes em 2024 devem ser prioridade no começo do ano legislativo.
Em especial, Costa destacou priorização para “medidas que busquem estruturar e dar continuidade às reformas que nós fizemos, para ir criando uma sustentação econômica de longo prazo para o país”.
Um dos projetos para qual o ministro chama atenção é o Orçamento de 2025, que não havia sido votado até o fim do último ano legislativo. Até sua aprovação, o governo pode trabalhar com 1/12 da verba prevista.
Outra medida que Costa pede por celeridade é a isenção do Imposto de Renda (IR) para os contribuintes que recebam até R$ 5 mil mensais.
Ao longo da próxima semana, o foco tende a se direcionar para uma série de decisões de bancos centrais, com destaque para a reunião do Banco do Japão, na sexta-feira (24), que pode voltar a subir sua taxa de juros.
O Federal Reserve (Fed) anuncia sua decisão na quarta-feira (29), com expectativa de que mantenha os juros, enquanto o Banco Central Europeu define o patamar de sua taxa na próxima quinta, quando se espera que as autoridades reduzam os custos dos empréstimos.
Na cena doméstica, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncia sua decisão também na quarta-feira, tendo já sinalizado na reunião de dezembro que elevará a Selic, agora em 12,25% ao ano, em 1 ponto percentual neste mês.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, já afirmou anteriormente que a “barra é alta” para alterar a orientação de juros da autarquia.