O Serviço de Acolhimento Familiar em Rio Branco que se fortaleceu com a Lei Municipal nº 2.446/2022 sancionada em dezembro do mesmo ano pelo prefeito da capital Tião Bocalom, e tem como parceiros o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça do Acre, ainda é pouco difundido e reconhecido pela sociedade rio-branquense.
O serviço, tem por objetivo selecionar casais para adotar crianças temporariamente, quando os pais biológicos vivam em situação de conflitos familiares, de dependência química e alcoólicas, entre outras em que possa colocar a segurança da criança em risco social ou até de violência.
O secretário municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), Welington Chaves, explica como essas famílias para adoção temporária são selecionadas.
“Essas crianças chegam até nós através de decisão judicial, que é acompanhada pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Então, eles que encaminham essas crianças e esses adolescentes, depois dessa decisão judicial, e aí nós encaminhamos para essas famílias que já são pré-cadastradas nesse serviço que nós ofertamos. A prefeitura oferta o serviço psicológico, assistencial e todo o acompanhamento. Então, essas famílias elas colhem por um período de seis meses, até que a Justiça tome a decisão de devolvê-las à família, ou aos parentes, ou à família extensa, que nós chamamos, a um parente mais próximo, ou essas crianças e adolescentes vão para adoção”.
De todas as expressões e palavras, o Serviço de Acolhimento Familiar (SAF), serviço esse mantido pela Prefeitura de Rio Branco, muito bem poderia ser traduzido em apenas quatro letras… o verbo AMOR!
Uma dessas famílias acolhedoras, é formada pelo casal Éden de Souza e Leila Márcia de Oliveira, casados há mais de 20 anos. Eles relatam, que além da pré-disposição de estar recebendo em seus lares, crianças já tão fragilizadas e sem nenhum tipo de referência de carinho, o mais importante acima de tudo é se doar completamente e recebê-los como fossem os seus próprios filhos. Na casa deles, quatro irmãos com idades de 2, 5, 8 e 10 anos, agora fazem parte da família deles.
“É uma experiência sobrenatural, porque assim, quando tem os meus filhos é um amor porque são os meus filhos, a gente ama, agora eles não, é um amor que Deus coloca no coração da gente, que é diferenciado, não tem uma explicação para esse amor. A despedida será um pedacinho da gente, mas o que mais assim me conforta é que me dá a sensação de dever cumprido, que eu fiz o meu papel durante esses dias que eles estiverem comigo, eu plantei alguma coisa boa”, destacou Leila.
“Quando é uma criança que vem de outra família, que tem um outro ritmo, quando chega pra gente é mais complicado. Precisamos nos adequarmos a eles. Aí é onde entra o amor, o carinho, tudo com amor e carinho, porque se não for assim, não vai não. A compreensão o carinho tem que ser muito”, disse Eden.
O coordenador do Serviço de Acolhimento Familiar da Prefeitura de Rio Branco (SAF), Crispim Machado, não esconde a satisfação do trabalho que exerce na seleção das famílias e essas, possam proporcionar um lar realmente de verdade, onde as crianças se sintam verdadeiramente amparadas e amadas.
“Olha, na realidade, em primeiro lugar, o serviço é encantador. Você acolher uma criança em situação de risco e vulnerabilidade em sua residência, além de ser desafiante, é amoroso. Você está proporcionando todo esse cuidado pra essa criança que estava vivendo uma negligência.”
Já o procurador de Justiça do Ministério Público do Acre, Dr. Iverson Rodrigo, lamenta que poucas famílias ainda desconheçam os serviços de acolhimento, mas no entanto garante, os casais que estiverem pré-dispostos a cuidar de uma ou duas ou mais crianças, também terão todo amparo legal e aporte, inclusive ajuda financeira.
“As pessoas ainda não conhecem esse serviço aqui na cidade de Rio Branco. Há uma legislação inclusive que tem um recurso, um salário mínimo para cada criança ou adolescente que for acolhida. É apenas para pagar custeios de alimentação e diversos. A ideia realmente é trazer afetividade e amor para essas crianças num lar temporário até o retorno delas, de seu convivo a família natural ou a família extensa, como a gente diz, e por último, a situação uma adoção, se a gente entender ali depois do procedimento que não encontrou alguém da família. Então, a família acolhedora, ela vem num momento muito propício. Essas crianças que chegam extremamente fragilizadas, abandonadas, rejeitadas e passem a dar amor nesse tempo que vão ficar com elas. E todo o processo é acompanhado pelo Ministério Público, pelo Judiciário, tem a equipe técnica que vai tentar descobrir qual é a melhor forma de devolver essa criança ou esse adolescente para a sua família de origem. Então é toda uma reconstrução do lar”, concluiu o procurador.