“HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”. Este é o lema da campanha publicitária do Ministério da Saúde em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado no último domingo (1º). Pela primeira vez na história, o governo federal chama a atenção para o “i é igual a zero”, ou seja, quando o vírus fica indetectável, com zero risco de transmissão. Outro destaque da campanha é o protagonismo às pessoas, e não apenas à doença, em conformidade com a recomendação da Confederação Internacional sobre Aids. A ideia é que a população que convive com HIV e aids seja ouvida, respeitada e tenha acesso aos tratamentos de forma universal.
A perspectiva da campanha é incentivar as pessoas a se informarem e cuidarem da saúde, além de reforçar que o HIV não causa limitações à vida e às relações com o acesso aos testes e métodos preventivos. Pensando nisso, Raul Nunnes e Emer Conatus criaram, em 2022, o podcast ‘Preto Positivo’, um espaço para desmistificar e educar o público com histórias de pessoas negras vivendo com a doença.
Raul, 34 anos, é diretor criativo, produtor executivo e apresentador do programa. Morador de Nova Lima (MG), ele convive com o vírus há oito anos e conta que a ideia do podcast surgiu a partir das próprias vivências e da necessidade de pontuar o quanto o preconceito racial ainda resiste. “A gente sabe que o vírus não faz distinção, mas existem outros fatores que agravam e dificultam o acesso à informação e ao tratamento, e o racismo é o primeiro deles”, alerta.
Segundo o apresentador, a educação sexual é essencial para que a população entenda mais sobre o HIV/aids. “Ao longo dos anos, acompanhamos a evolução das tecnologias de prevenção, tratamento, ciência, medicina e do mundo. Acreditamos na cura e queremos um mundo digno para as pessoas que vivem com HIV, livre de preconceitos, com oportunidades de trabalho e dignidade. Que o diagnóstico positivo seja apenas uma informação no nosso prontuário, porque ele não define quem somos”, enseja.
Thais Renovatto, 41 anos, também recorreu à produção de conteúdo para falar sobre sua história. Além de manter um blog há quase 10 anos, a paulistana é embaixadora do Projeto Criança Aids e autora do livro “5 anos Comigo”, lançado em 2018. A obra relata a sua reação ao receber o diagnóstico de HIV até o momento em que percebeu que nada a impediria de levar uma vida saudável e feliz, com o tratamento adequado. Hoje, ela é mãe e compartilha sua rotina familiar nas redes sociais, exibindo uma vida normal mesmo com o resultado positivo para o vírus.
“Convivo com o HIV há 10 anos e, contar isso em um livro ou no acolhimento de pessoas diagnosticadas que me procuram é uma forma de mudar as perspectivas em relação ao vírus e à aids”, observa a publicitária.
Metas de eliminação alcançadas
A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu metas globais para acabar com a aids como problema de saúde pública: ter 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas; ter 95% dessas pessoas em tratamento antirretroviral; e, dessas em tratamento, ter 95% em supressão viral, ou seja, com HIV intransmissível.
Na semana passada, o Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e a aids (Unaids) divulgou um relatório com a atualização desses números. Hoje, o Brasil possui, respectivamente, 96%, 82% e 95% de alcance. Em 2022, a quantidade de pessoas vivendo com HIV diagnosticadas era de 90%.
Segundo o Ministério da Saúde, o aumento foi registrado devido à expansão da oferta da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma vez que para iniciar a profilaxia, é necessário fazer o teste. Com isso, mais pessoas com infecção pelo HIV foram detectadas e incluídas imediatamente em terapia antirretroviral.
Certificação
O Ministério da Saúde certificou, no final de novembro, 60 municípios e três estados pela eliminação da transmissão vertical de HIV, sífilis ou hepatite B, ou seja, quando uma doença é passada de mãe para filho por meio da gestação ou amamentação. Com isso, o Brasil agora conta com 151 municípios (acima de 100 mil habitantes), em 19 estados, com algum tipo de certificação pela eliminação ou selo de boas práticas em relação às doenças. Agora, a expectativa da pasta para o ano que vem é solicitar a certificação de país livre da transmissão vertical de HIV à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O processo de certificação consiste em uma das entregas do programa Brasil Saudável, que visa reduzir 14 doenças e infecções que acometem, de forma mais intensa, as populações em situação de maior vulnerabilidade social. A eliminação da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatite B está entre as metas até 2030.
Assista ao vídeo da campanha
Conheça e divulgue a campanha “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”
Ana Freire
Ministério da Saúde