É inegável que dizer que, apesar das Olimpíadas, o clímax da trajetória da seleção brasileira de basquete em 2024, aconteceu antes de Paris. Com resultado surpreendente, a história do ano da bola laranja brasileira pode ser contada a partir do pré-olímpico.
Classificação heroica e volta às Olimpíadas após 8 anos
Em Riga, na Letônia, o Brasil disputou uma das chaves pré-olímpicas que valiam classificação para os Jogos. Seis equipes, divididas em dois grupos, disputavam apenas uma vaga destinada ao campeão do “torneio”.
No Grupo B, a seleção brasileira teve companhia de Montenegro e Camarões, enquanto do outro lado da chave, a Letônia, dona da casa, enfrentava Filipinas e Geórgia. Com um início muito bom, o Brasil estreou batendo o favorito do grupo, Montenegro, por 81 a 72, se colocando em situação confortável para avançar.
Depois de Montenegro se recuperar vencendo Camarões por 70 a 66 na segunda rodada, o Brasil só não poderia perder por 15 pontos de diferença para a seleção africana na última rodada para avançar. Além disso, vitória ou derrota por até 6 pontos dava ao Brasil a liderança do grupo.
Pelo favoritismo e as condições apresentadas, não era de se imaginar que a classificação tupiniquim teria requintes de crueldade e (muita) emoção.
Na metade do segundo quarto, depois de 23 pontos consecutivos de Camarões, o placar apontava 56 a 32, ou seja, 24 pontos de diferença que eliminavam parcialmente a seleção verde e amarela. Mesmo com uma breve tentativa de recuperação, o Brasil foi para o intervalo perdendo por 17 pontos, dois a mais do que poderia para se classificar.
Em um segundo tempo com o domínio esperado pela seleção, Léo Meindl e Lucas Dias lideraram uma corrida contra o placar desfavorável. O Brasil diminuiu a vantagem de 17 para 13 no terceiro quarto e, já em situação de classificação, tirou mais 10 no quarto e decisivo período.
No fim das contas, ficou bom para todo mundo – Brasil classificado, em primeiro, com a companhia da corajosa seleção camaronesa.
Na semifinal, show de Marcelinho Huertas, para eliminar a segunda colocada do outro grupo da chave, Filipinas, por 71 a 60. Na decisão, fase onde o Brasil perdeu a classificação para Tóquio no ciclo anterior, foi a vez de encarar a Letônia, dona da casa.
Dessa vez, os comandados de Aleksander Petrovic selaram a classificação com um atropelo para cima da anfitriã, com 94 a 69. Vitória colocou a seleção no caminho de outra dona da casa, a França, em Paris. Além de franceses, Grupo B dos Jogos contava com Alemanha e Japão.
Boa campanha
Apesar de campanha que passou longe de um pódio, o Brasil teve bom desempenho na capital francesa. Na competição, 12 seleções eram divididas em três grupos, sendo que 8 se classificavam para as quartas de final. Desta maneira, duas seleções que terminaram a fase de grupos na terceira posição de seus grupos avançaram – sendo uma delas a seleção brasileira.
Na estreia, diante da França, o Brasil apresentou alto nível de basquete para ficar na liderança do placar durante quase todo primeiro tempo. Apesar disso, não teve forças para suportar a pressão francesa, que virou o jogo e venceu por 78 a 66. Mesmo com a derrota, atuação brasileira deu esperanças.
Na sequência, outra pedreira: a Alemanha. Assim como na primeira partida, boa apresentação do Brasil deixou a partida equilibrada, que inclusive foi para o intervalo empatada em 40 a 40. Dessa vez, até deu pra segurar o jogo por mais tempo, mas a vitória escapou no último quarto quando alemães abriram vantagem e venceram por 86 a 73.
Na última e decisiva rodada, só a vitória contra o Japão interessava para estar entre as oito melhores equipes. Além de vencer, era necessário esperar a definição dos outros grupos, para fazer as contas e saber quem passaria.
O Brasil fez sua parte, vencendo o Japão por 102 a 84. Vitória com dezoito pontos de diferença fez seleção tirar grande parte do saldo negativo das derrotas anteriores, o que acabou sendo o suficiente para ficar com uma das vagas para terceiros. Com saldo de -7, teve campanha melhor que a da Grécia, com as mesmas duas derrotas e uma vitória, mas com saldo de -8.
A campanha de Paris terminou de um jeito interessante: coroando campanha da seleção americana, apelidada de “Dream Team” por seu elenco estrelado. Mais uma vez, contra uma seleção forte, o Brasil teve bom desempenho, mas o sarrafa era muito mais em cima. Sem oferecer muito perigo no placar, o time de Yago Santos acabou perdendo por 122 a 87, terminando as Olimpíadas na 8ª colocação.