Com um equipamento de quase R$ 4 milhões, o governo do Acre, por meio da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), oferece tratamento completo contra o câncer no estado. O avanço marca a volta do tratamento de braquiterapia, uma modalidade de radioterapia interna que permite a aplicação de radiação diretamente no tumor, aumentando a eficácia no combate à doença.
Desde fevereiro de 2024, quando o serviço foi restabelecido, a Saúde já realizou mais de cem sessões, proporcionando maior autonomia e agilidade para os pacientes que antes precisavam ser transferidos para outros estados.
A braquiterapia é amplamente usada para tratar cânceres em regiões como colo do útero, próstata, mama e pele. O grande diferencial do equipamento adquirido pelo Acre é que utiliza uma fonte de cobalto, única no país. Essa fonte dura cinco anos, enquanto os demais equipamentos brasileiros precisam de troca a cada três meses.
Para o médico rádio-oncologista Melk Hadad, a chegada desse equipamento significa um avanço sem precedentes para a saúde no Acre: “A última braquiterapia que a gente tinha feito aqui foi em 2014. Desde então, nossos pacientes precisavam ser encaminhados para Rondônia ou outros estados. Agora estamos conseguindo atender por aqui mesmo, sem que eles precisem passar por essa jornada exaustiva”, ressalta.
O físico médico Luiz Manso explica como funciona o tratamento. “Realizamos a braquiterapia em duas etapas, iniciando com a teleterapia [uma modalidade da radioterapia em que a fonte emissora de radiação encontra-se a certa distância do paciente] e, em seguida, complementando com a braquiterapia. O tratamento é feito em aplicações, cada uma durando entre 12 e 18 minutos, com a inserção de aplicadores diretamente no paciente. Para garantir o conforto e a segurança durante o procedimento, alguns pacientes recebem uma leve sedação”, diz.
Para Maria Zenilda de Souza, de 66 anos, o ano começou com uma notícia desoladora: a descoberta de um câncer de colo do útero. Contudo, a força da fé, o apoio da família e o acolhimento no Unacon fizeram toda a diferença em sua jornada para a cura.
Esta semana, após sua última sessão de braquiterapia, Maria recebeu a notícia tão aguardada: estava curada. “Foi um choque no começo. Chorei, pedi força para enfrentar esse problema de saúde. Fui acolhida com muito amor pelos médicos e enfermeiras aqui no hospital, e isso foi essencial para mim. Graças a Deus e ao apoio dos profissionais, hoje estou vencendo essa luta”, relatou, emocionada.