O Dia do Médico foi comemorado na última sexta-feira, 18, e o Acre registrou, segundo dados da Demografia Médica 2024, elaborada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), divulgada em abril deste ano, um aumento de mais de 100% no número desses profissionais no estado. Há 14 anos, o Acre tinha registrado 750 médicos. Já em 2024 este número passou para 1.542 profissionais.
Com isso, a densidade por mil habitantes também duplicou ao sair de uma taxa de 0,92 para 1,82 médicos por cada grupo de mil pessoas.
Na data em que se comemora a profissão daqueles que se dedicam a cuidar, o secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, analisou as ações do governo voltadas para a fixação dos médicos no estado.
Ele atribui o aumento do número dos profissionais à crescente abertura de universidades no estado. Antes, apenas a Universidade Federal do Acre (Ufac) tinha o curso de Medicina, agora há pelo menos duas universidades particulares no estado, sendo uma em Cruzeiro do Sul.
“No primeiro momento em que o médico finaliza sua graduação ele precisa se registrar no seu conselho e, com isso, acaba aumentando o número de inscritos no estado, mas não significa que eles se fixam aqui e esse é o desafio nosso como gestor, que é a questão de fixação desse profissional. Se fixa médico abrindo vagas de residência médica para que esse médico se qualifique até para que tenhamos as necessidades da população resolvidas”, explica.
Após a formação, é preciso que o médico tire o Registro de Qualificação de Especialista (RQE) para dar vazão às inúmeras especialidades que a Medicina tem. Para que o profissional fique no estado, o secretário diz que a principal ação é mudança no Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR), que, inclusive, já está discussão.
“Estamos tentando reforçar a residência médica, ofertando mais vagas para esses especialistas, para que façam sua graduação aqui e que essa mão-de-obra permaneça no estado após qualificada. O segundo ponto para fixação é ofertar maior número de vagas dentro do Plano de Cargo, Carreira e Remuneração da Secretaria de Saúde. Mas, já no início da segunda gestão do governador, nós iniciamos uma revisão desse plano, que já está pronta, com estudo do impacto financeiro para o governo, ampliando o quantitativo de vagas não só de médicos, mas na questão multiprofissional. Então, nós estamos aguardando uma brecha dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal para que a gente encaminhe essa minuta para que seja votada na Assembleia Legislativa do Acre”, destaca.
Perfil e quantitativo
No Acre, são 860 médicos e 682 médicas. A média de idade desses profissionais é de 43 anos, enquanto a média do tempo de formado chega a 14,69 anos. Na distribuição pelo território, verifica-se 1.164 médicos atuando na capital, Rio Branco, ou seja, 75% do total, e 378 no interior. A maioria dos médicos não tem Registro de Qualificação de Especialidade Médica (RQE): 942. Outros 600 são especialistas (têm RQE).
Com mais médicos, Rio Branco se destaca com uma média de densidade médica quatro vezes superior à registrada no interior da unidade da federação. Na capital, são 3,13 médicos para cada mil habitantes. Já no interior, é 0,80 por mil habitantes.
A presidente do Conselho Regional de Medicina no Acre (CRM-AC), Dra. Leuda Dávalos, explica que tem mantido um diálogo com o Executivo com relação a esses números.
“É urgente medidas para atrair e reter profissionais de saúde em nosso território, especialmente em áreas remotas e municípios do interior, onde a carência é mais evidente. É preciso focar não apenas em aumentar quantitativamente o número de médicos, mas também em garantir uma distribuição equitativa para garantir acesso igualitário aos serviços de saúde em todo o estado”, afirmou.
O Estado tem cada vez mais tentado humanizar o atendimento médico, tendo como referência profissionais que são sinônimo de cuidado e dedicação. Como é o caso do ginecologista Paulo Favini, que tem ganhado a simpatia de milhares de seguidores das redes sociais. Na apresentação dessas redes, ele já deixa claro do que se trata o perfil: “Entregando potinhos de amor. Feliz em te ver sorrir. A empatia é o remédio para todas as dores”, assina o médico, que já se apresenta como médico do Sistema Único de Saúde (SUS) que faz parte do quadro do Estado desde 2004 e atende na Maternidade Bárbara Heliodora.
Para ele, a mulher que dá entrada na unidade precisando de acolhimento precisa ser bem atendida e sentir segurança na equipe. Então, a empatia, cuidado e atenção é algo presente desde o primeiro atendimento da mulher. Bem humorado, ele se autointitula como Dr. Cegonho e mostra o dia a dia dentro dos hospitais, reforçando que a saúde pública pode ser sinônimo de um atendimento empático e de excelência.
Ele também usa o alcance das redes sociais para disseminar informações importantes sobre a saúde da mãe, do bebê e também sobre o programa de planejamento familiar, do qual ele também faz parte.
“Sempre tive essa visão de que o parto é o momento único na vida de uma mulher e deve ser um momento mágico, importante, que vai depender de como ela é acolhida, já que pode se tornar um momento traumático devido àquilo que hoje a gente vem tentando combater cada vez mais, que é a violência obstétrica”, destaca.
O ginecologista tem um posicionamento de que a mulher, ao chegar na maternidade, precisa ser ouvida e orientada, para que possíveis medos deem espaço à segurança e confiança entre médico e paciente.
“Eu digo para as grávidas que elas podem tudo. A nossa equipe é como um orientador, um guia para ajudar nesse momento, que é lindo, mas que também pode ser difícil devido ao medo do desconhecido, principalmente quando se trata do primeiro parto.”
O recado que ele dá para quem está entrando na faculdade de medicina ou iniciando a carreira, é que os profissionais realmente se dediquem com amor à profissão que escolheram.
“Faça por amor e com amor. Trate cada paciente como se fosse alguém próximo, de sua família, pois, assim, além de curar ou tratar somente, vocês estarão colaborando para um mundo melhor. É assim: se posso ser tido como bom exemplo, é o que tenho feito, e tem dado certo durante estes anos de serviço público”, pontuou.