Rio Branco, Acre – A capital acreana, Rio Branco, vive uma das mais graves crises hídricas de sua história recente, enfrentando a pior seca do Rio Acre em décadas. A estiagem prolongada e o baixo índice de chuvas têm reduzido drasticamente o nível das águas do rio, que abastece diretamente a cidade e é vital para a economia e o sustento de milhares de famílias da região.
Segundo dados do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Acre, o nível do Rio Acre chegou a atingir em setembro de 2024 a marca histórica de 1,37 metros, a menor dos últimos 50 anos. Essa situação tem gerado grande preocupação, já que o abastecimento de água para a população está comprometido, além de afetar a navegação fluvial, fundamental para o transporte de mercadorias e alimentos para comunidades ribeirinhas e isoladas.
Consequências diretas e emergenciais
As consequências da seca vão além da crise no abastecimento de água. A agricultura local, que depende da irrigação, tem sofrido perdas significativas, com relatos de produtores que enfrentam dificuldades para manter suas plantações. A pecuária também está sentindo os efeitos, uma vez que o pasto está escasso e a água para os animais se torna cada vez mais difícil de ser encontrada.
Em entrevista, o secretário de Meio Ambiente do Acre, José Fernandes, destacou a gravidade da situação: “Estamos diante de um cenário crítico. Nunca vimos o Rio Acre com um nível tão baixo, e as previsões meteorológicas não são animadoras. Precisamos de medidas urgentes para mitigar os impactos.”
Diante dessa situação, o governo do estado decretou situação de emergência em Rio Branco e em diversos outros municípios da região afetados pela seca. Medidas como o racionamento de água e a ampliação do fornecimento de água por meio de caminhões-pipa foram adotadas para tentar minimizar os efeitos da crise.
Impactos ambientais
Além das implicações sociais e econômicas, a baixa do Rio Acre tem causado graves danos ambientais. As áreas de mata ciliar, fundamentais para a preservação dos cursos d’água, estão sofrendo com o avanço das queimadas, que atingem níveis alarmantes durante a estiagem. Com a seca, a fauna local, especialmente peixes e animais aquáticos, enfrenta risco de extinção em algumas regiões.
O biólogo Ricardo Moura, da Universidade Federal do Acre (UFAC), explica que a seca prolongada tem efeitos devastadores: “A fauna aquática é diretamente impactada pela baixa do rio. Muitas espécies de peixes não conseguem sobreviver em um ambiente tão alterado, o que pode levar a desequilíbrios ecológicos sérios no futuro.”
Mudanças climáticas e desmatamento: os vilões da crise?
Especialistas alertam que, além dos fenômenos climáticos sazonais, o desmatamento na Amazônia pode estar diretamente ligado à gravidade da seca. A redução da cobertura florestal, especialmente nas áreas próximas ao curso do Rio Acre, diminui a umidade do ar e altera o regime de chuvas da região.
A climatologista Márcia Silva, também da UFAC, afirma que as mudanças climáticas têm intensificado os períodos de seca no estado. “A Amazônia é uma região sensível às alterações do clima global. O desmatamento e o aumento da temperatura média estão provocando secas mais frequentes e intensas. Isso é um alerta para que as políticas ambientais sejam fortalecidas.”
Perspectivas e soluções
Diante da gravidade da situação, as autoridades têm se mobilizado para buscar soluções de curto e longo prazo. A construção de barragens para a contenção de água, o fortalecimento de políticas