O governo do Acre, por meio da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), promoveu um seminário em comemoração aos 20 anos de criação do Parque Estadual Chandless (PEC), celebrado no dia 2 de setembro. O evento, realizado nesta quinta-feira, 5, no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco, também marcou o Dia da Amazônia.
O seminário reuniu pesquisadores, membros do conselho gestor e moradores das comunidades do interior do parque, com o objetivo de discutir os desafios e as oportunidades para a preservação e conservação da biodiversidade e o fortalecimento das políticas de sustentabilidade na unidade de conservação (UC).
A secretária do Meio Ambiente, Julie Messias, também participou do evento e destacou o compromisso do governo estadual em ampliar os esforços de proteção e conservação ambiental e no desenvolvimento das comunidades locais.
“Acredito que hoje é uma oportunidade para termos um diálogo aberto e franco. Temos buscado, enquanto governo, compreender todas as novas dinâmicas dentro das unidades de conservação e entender como as políticas públicas podem ser aplicadas de forma a gerar maior eficiência, não só na proteção e preservação dos nossos recursos naturais, mas também para garantir o desenvolvimento social e econômico das pessoas que vivem nessas áreas de floresta. Falamos constantemente sobre a Amazônia, tanto aqui quanto fora dela, mas, na verdade, quem pode falar verdadeiramente sobre a Amazônia são vocês. Portanto, para mim, as vozes que precisam ser ouvidas e unidas hoje são as de vocês”, declarou a secretária.
Flávia Dinah Rodrigues, gestora do parque, celebrou a união de esforços para manter a unidade de conservação como uma das mais preservadas do mundo.
“As muitas instituições que unimos e os esforços realizados em prol do Chandless nos permitiram concretizar essa celebração. O parque é um exemplo dos ganhos que obtivemos na conservação no Acre. O ar e os recursos naturais estão extremamente preservados, e precisamos celebrar isso”, comemorou. A gestora também ressaltou que “um dos propósitos principais da criação do parque é a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento do turismo”.
Antônia de Souza é moradora do PEC e abordou o aspecto da integração de quem vive na floresta com o meio ambiente. Para ela, o parque representa não apenas uma área de conservação ambiental, mas também um espaço que garante sua sobrevivência e identidade cultural.
“Nós dependemos da floresta para viver. Ali caçamos, pescamos e cultivamos a terra, sem agredir o meio ambiente. Para nós, é importante comemorar esses 20 anos de criação e esperamos que o governo continue nos apoiando, para que possamos manter nossas tradições e proteger o que é nosso. O que essa gestão está fazendo por nós é muto bom. Agora o que queremos é a instalação da internet”, disse.
Durante o seminário, foram abordados temas como o fortalecimento comunitário e potencialidades do PEC e a gestão de paisagens, incluindo diversos assuntos como o programa Monitora, o uso público com ênfase no birdwatching – modalidade de turismo para observadores de pássaros –, a população residente no PEC, os instrumentos e acordos de gestão e as áreas vizinhas do Parque Nacional Alto Purus (PNAP) e Reserva Comunal do Alto Purus (RCAP). Os participantes também assistiram a um documentário comemorativo, que destacou a trajetória e os marcos do parque ao longo dos anos.
Um dos palestrantes, o biólogo e professor da Universidade Federal do Acre (Ufac) Marcos Silveira, apresentou dados sobre a biodiversidade do parque e ressaltou o seu papel na preservação de espécies ameaçadas. “O Chandless é um patrimônio natural do Acre e da Amazônia. A sua preservação não só contribui para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como também garante o modo de vida das comunidades tradicionais, que dependem dos recursos naturais de forma sustentável”, afirmou.
Também estiveram presentes no evento o diretor de Meio Ambiente da Sema, André Pellicciotti; a indigenista especializada da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Juliana Fortes; o representante do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) e ex-gestor do parque, Jesus Domingos; além de técnicos da secretaria e alunos de biologia da Ufac.
O Parque Estadual do Chandless é uma unidade estadual de conservação (UC) de categoria integral. Possui quase 100% de seu território protegido, destacando-se como uma das UCs mais preservadas do mundo. É gerido pela Sema, com apoio financeiro do programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).
Seu território está distribuído entre os municípios de Manoel Urbano, Sena Madureira e Santa Rosa do Purus e detém uma das áreas mais ricas em biodiversidade, um patrimônio genético com a presença de espécies endêmicas e ameaçadas de extinção.
O PEC desempenha um papel essencial na conservação dos recursos naturais e na proteção de espécies, além de promover o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem em seu entorno. Sua principal característica são as florestas com bambu.
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