Em busca de melhorias para a população em situação de rua, a vice-governadora e gestora da pasta de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), Mailza Assis, visitou, nesta quarta-feira, 28, a Casa de Apoio Amigos do Betão, em Rio Branco, de propriedade do empresário Gilberto Afonso de Moraes, conhecido como Betão.
A casa é uma iniciativa privada, fundada pelo empresário Gilberto Afonso, e funciona desde 2022, acolhendo pessoas em situação de rua, incluindo homens, mulheres e pessoas LGBTQIA+. O espaço também oferece banho, refeições e hospedagem, sendo que 99% do público atendido é composto por dependentes químicos que estão em fase de recuperação.
Betão enfatiza a busca por parceria com o Estado para a manutenção da casa e as dificuldades relacionadas à evasão de pessoas do local.
“Eu sempre gostei de ajudar as pessoas. Já tive uma casa onde ajudava crianças e sempre estive envolvido em ações na cidade. O problema é que as pessoas não ficam aqui por muito tempo. Já passaram mais de 200 pessoas por aqui, e agora estamos chegando a cerca de 400. Muitas vêm, ficam por poucos dias e depois vão embora. É muito difícil manter as pessoas aqui. No momento, temos quase 30 pessoas, mas a casa tem capacidade para 50 ou 60, até mais. Adquirimos este espaço e depois compramos outra parte para expandir, mas não foi necessário aumentar porque a demanda não acompanhou”, disse.
Os moradores participam do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), em parceria com a Secretaria de Educação e Cultura (SEE), que disponibiliza um professor para ministrar as aulas e possibilita a conclusão do ensino escolar. Além disso, a comunidade realiza laborterapia, também conhecida como terapia ocupacional, que inclui a criação e manutenção de uma horta que abastece a própria casa.
A secretária Mailza Assis destacou as ações da pasta em prol da população em situação de rua, como a assinatura do pacto Ruas Visíveis e outros meios de acolher para atender à demanda do estado:
“Temos uma população de quase 600 pessoas e queremos dar a elas a condição de ter um lugar, uma casa onde possam se alimentar, até que consigam chegar a um nível em que possam seguir a vida sozinhas e não precisem mais dessa ajuda do setor público ou dessa parceria com o setor privado, como a que temos aqui com o senhor Betão”.
A casa conta, ainda, com uma sala de computadores, onde podem ser realizados cursos técnicos de informática e outros, necessitando apenas de profissionais capacitados para a aplicação das aulas. Segundo o coordenador do abrigo, Cleidenilson da Silva, as pessoas que são recebidas no local passam por uma triagem, na qual precisam realizar testes rápidos nas unidades de saúde para serem admitidas.
“Quando estão em uso abusivo, como, por exemplo, quando estão na rua há muito tempo usando drogas, pedimos para que eles vão ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Lá, eles passam dois ou três dias para desintoxicação, e, após esse processo, nós os recebemos. No entanto, alguns não têm necessidade disso, pois estão sóbrios, então nem todos precisam passar por essa etapa”, explica.
O secretário de Governo (Segov), Luiz Calixto, enfatizou a importância da ação na promoção da dignidade da população, além da possibilidade de parceria do governo nas atividades da casa:
“Da parte do governo, nós vamos tentar ajudá-los sem criar falsas expectativas. Não devemos alimentar expectativas que não possamos cumprir, pois as pessoas já vivem uma vida tão difícil e dramática. Mas acredito que é possível, sim, que o governo auxilie na questão da saúde, na documentação e em ensino profissionalizante. Temos instituições que podem fazer isso, por meio do Instituto de Desenvolvimento da Educação Profissional Dom Moacyr Grechi (Ieptec), da Organização em Centros de Atendimento (OCA) e da Secretaria de Saúde”, explicou o titular.
Mailza realça: “Temos os serviços que estarão à disposição. Já incluímos no projeto e no orçamento para 2025 essa possibilidade de fazermos convênios com essas casas que estão cuidando, dividindo as dificuldades e colocando todos para nos ajudar”.
A moradora da casa, Patrícia Oliveira da Silva, de 50 anos, relata que entrou na casa há duas semanas e foi bem acolhida.
“Eu sou ex-dependente química e dou glória a Deus por essa casa ter nos acolhido. É um trabalho muito lindo. Aqui temos a laborterapia, pela manhã e à tarde. Estudamos, temos uma sala de computação, onde estamos precisando de um professor. Temos culto três vezes ao dia, com orações e jejum. Temos um espaço lá atrás onde buscamos a presença de Deus. E temos o nosso apóstolo Cleidenilson, que nos abraça com todo amor, como se fosse um pai. Ele nos dá amor, sustento e tudo o que precisamos espiritualmente para continuarmos. Saímos da rua, saímos da droga, saímos do crime”, contou.
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