São Paulo — Uma das coisas que marcou a memória dos brasileiros no ano de 2001 foi o sequestro cometido contra Silvio Santos e uma de suas filhas, Patrícia Abravanel. O sequestrador, Fernando Dutra Pinto, morreu alguns meses depois.
Tudo aconteceu quando, no dia 21 de agosto daquele ano, a herdeira de Silvio foi sequestrada na mansão da família, no Morumbi, bairro nobre da Zona Oeste de São Paulo. Ela ficou em cativeiro por 1 semana e foi solta no dia 28 após o pai pagar o resgate de R$ 500 mil. Na ocasião, Marcelo Batista Santos e Esdras Dutra Pinto foram presos.
Fernando, o irmão de um dos sequestradores detido, conseguiu escapar com o dinheiro ao lado da namorada, Jenifer. Algum tempo depois, ele chegou a ser encontrado em um hotel em Alphaville, mas conseguiu fugir mais uma vez.
No dia 30, Fernando invadiu a casa de luxo de Silvio Santos novamente e fez as pessoas que estavam lá dentro reféns. Ele ficou 8 horas na mansão, exigindo um helicóptero para a fuga e negando qualquer negociação com a polícia.
O sequestrador chegou a libertar Íris Abravanel, as filhas e os funcionários que estavam na mansão durante o crime, ficando apenas com Silvio. Ele só concordou em se entregar quando o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, garantiu a integridade física dele.
Preso no Centro de Detenção Provisória I de Chácara Belém, em São Paulo, Fernando morreu em dezembro de 2001. A causa da morte foi dada como uma infecção generalizada decorrente de uma bactéria que se alojou nos pulmões. Um relatório da ONG Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos reporta que o criminoso teria sofrido tortura e negligência médica após uma sessão de espancamento promovida por agentes penitenciários.
Ao ser preso, Fernando ficou mantido em cela individual durante 4 meses. A medida foi tomada para preservar a segurança do sequestrador, porque tanto policiais quanto outros detentos poderiam querer se vingar pelo crime cometido contra a figura popular. Porém, no último mês do ano, ele foi transferido para o convívio com a população carcerária.
Segundo o áudiodoc da Ubook Silvio Santos – Sequestros, mortes e mistério, dos jornalistas Alexandre Freeland e Leandro Calixto, o sequestrador foi repreendido após questionar a forma agressiva que estava sendo tratado pelos agentes penitenciários, que se irritaram. O homem, então, foi brutalmente espancado com socos, chutes e golpes dados por barras de ferro. Inclusive, um desses golpes que teria causado a ferida por onde a infecção entrou e se alastrou.
No primeiro momento, os carcereiros e o médico envolvidos foram absolvidos das acusações de tortura. Porém, em 2014, o Ministério Público fez um apelo e todos foram condenados em segunda instância.