O número de cidades em alerta máximo para queimadas em São Paulo chegou a 48 no último domingo (25), segundo dados de monitoramento do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Defesa Civil do estado. No Distrito Federal, o número de incêndios também é preocupante: foram 203 ocorrências registradas no último fim de semana.
Além dos impactos para o meio ambiente, a fumaça intensa e a neblina causada pelas queimadas pode trazer efeitos negativos para a saúde da população que vive nas cidades afetadas e nas regiões próximas.
Segundo Elie Fiss, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, as fumaças provenientes das queimadas contém micropartículas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e ozônio, que são danosos ao pulmão e podem agredi-lo, causando inflamação.
“É uma inflamação aguda, mas também pode ocorrer uma pneumonia de hipersensibilidade, que acontece quando a inalação da fumaça é recorrente”, explica o especialista, à CNN. “A queima da cana, por exemplo, pode causar impactos semelhantes à poluição em uma cidade grande como São Paulo, como bronquite.”
Segundo o especialista, pessoas que tiveram contato próximo com as fumaças podem ter sintomas como falta de ar, tosse, chiado no peito e expectoração (secreção pela tosse). “Provavelmente, nas regiões mais próximas dos focos das queimadas, a tendência é ter um pico de aumento de até 20% de procura por atendimento médico em 48 horas, devido aos sintomas respiratórios”, afirma Fiss.
Em casos mais graves, é possível desenvolver quadros de pneumonia. “Nesse caso, é necessária a internação hospitalar, principalmente em pessoas que já têm alguma doença crônica, como enfisema pulmonar, bronquite ou asma”, esclarece o especialista.
Raramente, os efeitos da exposição às fumaças das queimadas pode causar sequelas, como pneumonia de hipersensibilidade ou fibrose pulmonar. “Não é o comum e é extremamente grave”, afirma.
As partículas presentes na fumaça das queimadas também são irritativas para os olhos, conforme explica Alexandre Costa, oftalmologista do Hospital Nove de Julho, à CNN.
“Essas substâncias podem entrar em contato com o olho e causar irritação, vermelhidão, sensação de areia, lacrimejamento, e, até mesmo, causar algum tipo de arranhadura na córnea, no caso de partículas de fuligem que entram em contato com o olho”, explica.
Entre os principais sintomas oculares decorrentes da exposição à fumaça e neblina decorrente das queimadas estão:
“Se houver muita dor e embaçamento visual, é importante consultar um oftalmologista. Se ocorrer apenas sintomas irritativos, o ideal é lavar bem os olhos usando soro fisiológico e um colírio lubrificante, conhecido como lágrima artificial”, orienta o especialista.
Para a população mais afetada diretamente pelas queimadas, o Ministério da Saúde publicou um informe com orientações e recomendações para evitar a exposição da população à fumaça intensa. São elas:
Em entrevista ao programa Live CNN, da CNN Brasil, Renato Kfouri, infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), explica que quem não possui umidificador ou purificador de ar pode usar medidas improvisadas, como bacias com água. O especialista também recomenda realizar a lavagem das vias respiratórias com soro fisiológico.
“Também funciona usar toalhas molhadas. Outra estratégia é usar o chuveiro quente, é caro para muitas pessoas, mas funciona e umidifica o ar”, explica.
No caso dos olhos, quem vive nas regiões mais próximas dos focos das queimadas pode proteger a visão usando óculos de proteção com vedação. “Até mesmo um óculos de natação serve, se for vedado”, orienta Costa. “Também é importante manter o uso frequente de colírio lubrificante para lubrificar e tirar o contato dessas partículas com o olho”, acrescenta.
Para pessoas com problemas cardíacos, respiratórios e imunológicos, entre outras comorbidades, devem seguir às seguintes orientações, segundo a pasta: