Especialistas apontam furacão Beryl como um exemplo de como sistemas de aviso prévio podem ter menor impacto em termos de mortes; instituições de previsão do tempo defendem mais capital para adaptação climática e Fundo de Perdas e Danos.
Para três especialistas, a passagem do furacão Beryl pela região em julho é um exemplo mostrando que investir em sistemas de aviso prévio ajuda a ter menos mortes, se comparado aos anteriores furacões Maria, registrado em 2017, ou Ivan em 2004.
As autoras do artigo são chefes do Escritório da ONU para Redução de Riscos de Desastres, Kamal Kishore, da Agência de Gestão de Emergências de Desastres do Caribe, Elizabeth Riley e da Organização Meteorológica Mundial, Celeste Saulo.
Em seu argumento, elas citam a aplicação do recém-adotado Sistemas de Alerta Precoce de Risco Climático durante o desastre. As instituições regionais que atuaram incluem a Agência Caribenha de Gestão de Emergências, a Organização Meteorológica Caribenha e o Instituto Caribenho de Meteorologia e Hidrologia.
As primeiras indicações apontam para “um desastre com valor extremamente exorbitante”. A análise do custo total da catástrofe causada pelo furacão Beryl pode levar ainda vários meses.
Mais de 11 mil afetados nas Ilhas Granadinas de Granada e São Vicente tiveram perdas em meios de subsistência e oportunidades. Em São Vicente e Granadinas, até 90% das casas foram destruídas ou gravemente danificadas na ilha de Union.
As chefes de agências metereológicas acreditam, no entanto, que o verdadeiro legado do Beryl “não será sua força recorde ou a magnitude da destruição, mas o ponto de virada para o mundo”.
Num esforço para evitar que cada furacão leve ao desastre, elas apelam à comunidade internacional que deixe de admitir passivamente a ocorrência de catástrofes e passe a preveni-las ativamente investindo na redução de riscos.
Para as especialistas, mesmo havendo capacidade de reduzir a exposição aos desastres movimentando ativos econômicos de zonas costeiras de certos países, esta não é uma opção para os pequenos Estados insulares.
A única opção viável para o grupo de países expostos inteiramente às catástrofes seria “aumentar a resiliência social e econômica, bem como a resiliência física de suas casas, empresas e infraestrutura”.
O artigo reforça o apelo às economias desenvolvidas para que cumpram as promessas de dobrar fundos de adaptação climática para ao menos US$ 40 bilhões por ano até 2025 e capitalizem de forma adequada o Fundo de Perdas e Danos.
As autoras do artigo ressaltam ainda que o aumento dos custos sociais e econômicos é um problema enfrentado por todos os países, que no entanto é mais sentido nos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento.