Edilson Gonçalves Vieira (foto em destaque) veio para Brasília ainda em uma das primeiras levas de candangos que construíram a capital. O pedreiro ergueu parte das paredes que hoje formam o imponente Congresso Nacional. Mas não é pela história de mais de 60 anos atrás que ele virou notícia. O pioneiro estava pedalando de bicicleta na tarde do último domingo (18/8), quando foi atropelado por uma caminhonete e morreu, aos 86 anos, em frente à igreja que frequentava no Gama.
Para a família, o que mais choca é o fim abrupto. “Meu pai tinha uma saúde muito boa, fizemos exames e estava tudo bom com ele, achávamos que teríamos muito tempo dele com a gente”, conta Edmilson, um dos sete filhos do ciclista. Todo domingo, Edilson ia de bicicleta visitar o irmão que mora cerca de 700 metros da casa que morava com o filho.
“Ele costumava fazer esse trajeto. Era muito ativo meu pai, não tinha quem o parasse”, reforça Edmilson. O idoso estava passando pela quadra 8 do setor Sul do Gama, quando uma Amarok colidiu nele. O homem teve uma parada cardiorrespiratória, e os socorristas tentaram reanimar a vítima por 40 minutos, mas não resistiu e morreu no local.
O motorista da Amarok não se feriu. Ele teria dito a policiais militares que ingeriu seis long necks naquela tarde. De acordo com o boletim de ocorrência, testemunhas relataram que ele tentou se desfazer de uma garrafa de cerveja após o acidente. O homem se recusou a fazer o teste de bafômetro, ainda assim, ele responde por “auto de constatação de embriaguez”.
Ele também é investigado por fraude processual ao tentar se livrar da bebida e por acidente com vítima fatal. Apesar da tragédia na família, Edmilson diz que não está revoltado com a situação. “A família não guarda esse sentimento, não é uma revolta”, completa.
“Quero reforçar quem meu pai era. Ele foi um ótimo marido, um bom pai, um avô e bisavô muito amado”, diz. Edmilson era evangélico da Assembleia de Deus e costumava ajudar o filho com trabalhos voluntários no Instituto Trigo Humanitário, pregando e distribuindo comida para pessoas em situação de rua.
O motorista da Amarok foi preso em flagrante. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) já apontou a responsabilidade do condutor em um inquérito que tramita em segredo de justiça. O caso está com a 20ª Delegacia de Polícia (Gama).
Nascido na Paraíba, Edilson escolheu Brasília para construir e ver crescer. Ele deixou sete filhos, 19 netos e seis bisnetos. O velório ocorreu na manhã dessa terça-feira (20/8), no Gama.